Atualmente, muito se tem falado acerca do fenómeno do populismo, em especial, por causa dos resultados políticos obtidos por alguns governantes nas últimas décadas, o que tem gerado muitos debates na comunicação social e, inclusive, muitos livros têm sido escritos sobre o tema, o que tem levado muitas pessoas a emitirem alguma opinião acerca deste fenómeno. Sendo assim, precisamos refletir sobre o que é o Populismo. Para que possamos ter esta definição, é importante respondermos às seguintes perguntas: O populismo é um movimento novo ou uma nova roupagem de um movimento antigo? Porque existe tanta preocupação com o Populismo?  Será este uma ameaça à democracia como a conhecemos? Todos os políticos são populistas? O Populismo é um fenómeno de esquerda ou de direita?

Historicamente, analisando as origens do populismo, podemos observar que este movimento não teve o seu início na Europa, mas do outro lado do Atlântico, precisamente nos Estados Unidos da América no século XIX com o surgimento do partido do povo, como sinaliza John Judis: (2017) “O populismo é uma criação americana que viria a espalhar-se mais tarde para a América Latina e a Europa…, inicia-se de facto com o partido do povo na década de 1890”.  Deste  modo, o populismo foi-se espalhando por muitos lugares e   ganhando força no continente norte americano e apresentando, inclusive, propostas tanto da esquerda como da direita, como observa John Judis (2017): “O Partido do Povo original foi primariamente um movimento de esquerda. As primeiras manifestações substanciais de populismo de direita ocorreriam na década de 1930, com o padre Charles Goughlin e, posteriormente na década de 1930, com as campanhas presidenciais de George Wallace”.

Assim sendo, a ideologia populista vai crescendo e ganhando força, em especial nos governos da América Latina no século XX e, a partir das décadas de 60 e 70, foi ganhando mais espaço no contexto europeu, sendo que este fenómeno tem preocupado muitos politólogos, como sinaliza o professor Cas Mudde (2016) quando define o Populismo como: “Uma ideologia rasa que considera que a sociedade se divide em dois grupos homogéneos e antagónicos, o ‘povo simples’ e a ‘elite corrupta”. Desta forma, existe uma grande preocupação com o fortalecimento deste movimento que, historicamente, vai ganhando força como uma reação contra o establishment político, já que o movimento populista se apresenta como uma solução para todos os problemas do país e muitos políticos acabam sendo ou se tornando populistas, pois procuram sensibilizar as massas através de um discurso simples, carismático e anti-sistema, onde de modo geral, o político populista é visto como um salvador da pátria, o que gera uma idolatria em torno da imagem deste, onde os seus erros não são aceites e sendo sempre minimizados. De acordo com Jan-Werner Muller (2017): “O termo é assim, primeiramente associado a determinados humores e emoções: os populistas estão “zangados”; e os seus eleitores estão “frustrados”. (p.17).

Consequentemente, o populismo acaba adotando um discurso combativo em relação a uma parte da classe política, implementando assim a divisão entre nós e eles, já que o discurso populista é sempre de tom mais emocional, com o objetivo claro de mobilizar as massas, como destaca John Judis (2017): “O populismo transversal à esquerda e à direita, caracteriza-se pela preponderância do povo contra o statu quo, pela escolha de temas em que há um forte consenso entre as elites”. Por conseguinte, o fenómeno do populismo tem crescido muito nos últimos tempos, já que o conflito surge em torno de uma série de exigências que os populistas fazem ao establishment político, uma vez que se apresentam como a única solução para tudo  e se alimentam da insatisfação popular de muitos, como assinala o historiador Michael Kazin (2017), que define o populismo como: “Uma linguagem cujos falantes concebem o povo comum como um nobre grupo não limitado estreitamente pela classe social; consideram os seus adversários da elite como interesseiros e antidemocráticos; e procuram mobilizar os primeiros contra os segundos” (p.15).

Enfim, muitos políticos não percebem, mas, independente da sua orientação política de esquerda ou de direita, acabam agindo dessa maneira, como destaca Jan Werner Muller (2017): “ Os populistas estão em alta no mundo inteiro…..São populistas todos os críticos de Wall Street e da União Europeia?”. Assim sendo, através de diversos tipos de pautas, muitos atores políticos fortalecem a estratégia  do “eles contra nós” que é considerado por setores da imprensa, como a grande semelhança entre os populismos, já que, em algum momento, acabam tendo uma atitude que fortalece o populismo, movimento que minimiza a discussão política, e que consequentemente, pode tornar-se numa ameaça à democracia, como refere Ralf Dahrendord (2017): “O populismo é simples, a democracia é complexa”.

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