Por mais que os «media» façam propaganda, a eleição marcada para o fim do mês de Janeiro próximo não será, infelizmente, muito diferente das anteriores quanto ao eleitorado fantasma e à abstenção maciça. No que diz respeito aos resultados, as sondagens não serão muito mais credíveis do que as anteriores até porque os inquiridos serão os primeiros a reservar sua opinião ou mesmo a escondê-la em função das campanhas mediáticas. O mais provável é que a incerteza acerca do futuro do país se mantenha já que não dependerá apenas do partido que tiver mais votos mas sim do conjunto da votação e de uma provável intervenção do presidente da República (PR): tudo dados que não controlamos e que as sondagens terão dificuldades acrescidas de previsão!

Se pouco podemos antecipar acerca do futuro, também não sabemos grande coisa a respeito do que se passou no parlamento nos bastidores da votação do orçamento de Estado para 2022… O mais provável é que, combinados ou não, o PR e o primeiro-ministro (PM) tenham conseguido levar o sistema partidário ao impasse e à dissolução do parlamento, precisamente na altura em que a polícia descobria que há um número significativo de militares de carreira envolvidos no tráfico de droga em grande escala… Este episódio, no seguimento de tantos outros que têm abalado o país nos últimos anos, ilustra o grau de corrupção em que caímos e ao qual o sistema de justiça não é capaz, não quer ou não deixa pôr termo.

Em compensação, a actual situação política faz pensar na repetição do estado a que o país chegou há quase um século, ou seja, o afundamento da primeira República presumidamente democrática. Ao 28 de Maio de 1926, seguiram-se 48 anos de ditaduras, guerras e revoltas até ao 25 de Abril de 1974, ao qual se seguiram outros tantos 48 anos. Com o tempo, o actual sistema político tem dado cada vez mais provas de não ser capaz de garantir uma representação partidária efectivamente democrática e, sobretudo, um processo sócio-económico capaz de modernizar e fazer crescer duradouramente o o país, apesar de ter beneficiado da adesão à União Europeia a partir de 1986, ou seja, há 35 anos!

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