Não deveria ser notícia mas é, e muito menos deveria fazer-nos rir. De facto, o rapaz que circula livremente numa instituição de ensino superior no Porto julgando ser um cão é algo que nos deveria preocupar a todos.

Sob a égide da liberdade de cada um ser o que quiser ser, criam-se fenómenos que vão para além da nossa comum compreensão sejam eles comportamentos de carácter de integração académica — aquilo a que habitualmente chama de praxe — sejam comportamentos de carácter habitual. Será este caso uma nova normalidade onde quem quiser pode andar numa instituição de ensino superior como bem entender?

Uma coisa é certa. Uma instituição de ensino que permite esta “liberdade” deu o seu aval a este tipo de comportamento que no meu ponto de vista tem assento numa qualquer patologia e não se enquadra de forma alguma no espírito de liberdade de se ser o que se quiser ser. Hoje, temos um rapaz que se identifica com o cão, amanhã teremos nas faculdades e em outras instituições ensino, alguém que se acha ser uma vaca ou um porco passando os estabelecimentos a serem verdadeiras quintas.

Por essa razão, não há razão nenhuma para que o estabelecimento de ensino que o rapaz que julga ser um cão frequenta, possa permitir tal comportamento dentro do edifício.
Repito: tenha o comportamento que contexto tiver .

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A questão primordial passa pela permissão do comportamento como de um selo de garantia se desse normalizando “posições” pessoais dentro de um contexto colectivo que ferem esse mesmo colectivo.

Todos poderão achar piada, mas não me parece procedente que um professor esteja em plena sala aula a olhar para face de um aluno em forma de cão como se nada fosse. É o ensino a bater no fundo. Mais fundo que isto não sei o que seja. E se tudo isto estiver a ser vivido no tal espírito académico de praxe, continua ainda assim a ser igualmente estúpido. Não é por lá fora se adotar situações semelhantes a esta a que assistimos, que devemos compactuar com elas. Devemos combatê-las e não acolhê-las como pelos vistos acontece no Porto.

Estes comportamentos — estranhos e doentios — degradam o ensino, e mais grave que isso é a permissão dos órgãos dirigentes do estabelecimento de ensino, podendo levar a que outros julguem poder fazer e ser o que quiserem. Se amanhã andarem nos corredores das faculdades nus em nome de uma liberdade qualquer e porque se indentificam como índios da Amazónia porque não? Se um rapaz pode andar com cara de cão a passear pelos corredores de um estabelecimento de ensino superior porque entende identificar-se com animal, porque não andarem os alunos nus ?

Lamento que a instituição de ensino que o rapaz frequenta ainda não tenha vindo ainda a público justificar se este comportamento se enquadra no “‘espírito de praxe” ou se é de facto um comportamento fora desse espírito tratando-se de uma questão patológica. Seria importante este esclarecimento.

O rapaz que julga ser um cão, não é um cão e isto não se trata de dar ou retirar a liberdade ao indivíduo para o ser. Ele não é um cão . O estabelecimento de ensino ao permitir esta pseudoliberdade, passou assim a normalizar todos estes tipos de comportamento e quiçá muitos outros, como se tudo isto fosse a coisa mais natural e normal do mundo seja ele em que contexto for. Académico ou pessoal.

Que os professores não se admitirem de amanhã, em uma sala de aula , olharem para uma fila de alunos em que uns acham que são cavalos, porcos e vacas. Seja isto praxe ou não, o Instituto Superior de Engenharia do Porto tem que dar nota daquilo que fez ou vai fazer perante tamanha estupidez.