Em tempos de discussão do projecto de lei número 974/XIV/3 do PS consubstanciada na recomendação REP 4 e componente C6 presentes nas páginas 44 e 117 do PRR, o assunto das ordens está na baila. Ou melhor, está na ordem do dia.

Apesar do timing, é bom discutirmos as Ordens profissionais com a devida ordem, mas sem nunca esquecer a vertente histórica do “corporativismo” que lhes deu origem.

Enquanto jurista, gestor e economista sempre contestei que as Ordens pudessem servir para limitar o acesso à respectiva profissão, exigindo, até, exames e estágios que desprestigiam e enfraquecem o ensino universitário e, portanto, as próprias Universidades.

Estes limites e bloqueios criados (em termos históricos, recentemente) não são mais do que o receio e medo da legítima concorrência por parte da corporação. Isto é, ao invés de estarmos focados na qualidade na óptica do cliente/consumidor, estamos amarrados aos bloqueios da livre e precisa concorrência, limitando ao máximo o acesso ao exercício da profissão.

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Por isso, considero crucial que as Ordens sejam lideradas por pessoas com Mundo. Por pessoas que, independentemente da sua Ordem, sejam gestores da sua própria vida, estrategas dos seus ideais, criativos nas suas ideias e, acima de tudo, que tenham rasgo, atitude e dinâmica. Pois, só assim teremos Ordens à medida da ordem que o presente e o futuro exigem.

E é exactamente isso que espero que uma candidatura como a de Pedro Reis traga e garanta às Ordens e, em especial, à Ordem dos Economistas (que já estava esquecível).

A garantia da qualidade dos profissionais não se faz nem fará com bloqueios e limites ao acesso à profissão. Pois é para isso que devem servir as Universidades.

A garantia da qualidade dos profissionais faz-se com uma Ordem agregadora (que todos recebe!) mas que a todos exige competência e todos regula no âmbito da respectivo exercício profissional. Pois, no fim, o que importa é o resultado, a satisfação dos clientes e do mercado e a dignidade do profissional e da classe profissional que o integra.

Aliás, o mesmo tem acontecido com o acesso e exercício da política pelos cidadãos que, hoje, está totalmente limitado pela “Ordem” dos Partidos que tudo faz e garante para que cada vez menos pessoas possam servir o País. Até porque, infelizmente, o que importa não é Portugal mas a respetiva corporação político- partidária.

É um problema de pequenez. É um problema de medo da possível concorrência. É um problema de falta de Mundo de muitos. É um problema miserável.

Tal como um empresário nunca despedirá um funcionário bom, ao invés, também um cliente/mercado ou um País não deverá suportar um profissional (em especial liberal) ou um Político/Governante meramente razoável e/ou medíocre.

Portanto, não há que ter medo de sermos mais nas Ordens, nem mais a servir Portugal.