Os burocratas europeus que nos tentam liderar, cheios de certezas e considerações de que tudo se manteria igual mesmo se nada fizessem para que isso acontecesse, preferem o preço das coisas aos valores das mesmas.

Optámos e escolhemos o projecto europeu e com a moeda única, prescindindo da nossa liberdade económica, política e autonomia financeira e monetária, que estava assente no Banco de Portugal (que, ao contrário do que muitos julgam, apenas fora público, através de uma nacionalização, em Setembro de 1974), confiando numa nova arquitectura assente em instituições comuns, onde somos pequenos accionistas.

Entre elas, temos o Banco Central Europeu, supostamente de todos e para todos. Tal como, outrora, o comunista convencia o senhor da enxada a partilhar a sua ferramenta. Contudo, neste caso, Portugal partilhou a sua ferramenta, confiou, tendo até abdicado por novo riquismo de produzir bens essenciais para comprar aos companheiros e amigos europeus. Mas não basta. Os companheiros europeus que vivem, maioritariamente, do mercado interno europeu, quando chega a hora, quando chega a hora das decisões e da solidariedade, querem sempre fazer negócio com os mais frágeis. Abdicando de injectar moeda, cunhando, mas financiando através de vários mecanismos existentes para alargar o fosso entre os estados-membros, ao jeito da estratégia aniquiladora do consenso de Washington.

Nada do que fora atingido e proposto pelo burocratas europeus, agora e com um enorme atraso, será suficiente para o desafio que teremos pela frente.

Assim não é nem será possível.

O Mundo que conhecíamos e que demos por adquirido, acabou. Mas a vida não. Muito menos o futuro que dependerá, apenas, de nós. E do quereremos fazer e construir com o dom da vida que recebemos.

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A memória e o sofrimento vivido que gerou a construção da Europa dos valores, da união e da paz desapareceu com a geração que a construiu. E foi negligenciada pela geração que a recebeu e consumiu, julgando que seria um dado adquirido.

Este período desafiante atestará e evidenciará bem o nível e os valores dos actuais líderes (que hoje não temos). Mas também das empresas, das instituições e de quem as lidera. E de todos nós.

A ver vamos se todos nos portaremos com o nível exigido e esperado.

O credo do dinheiro, jamais poderá substituir o credo dos valores e do bem-comum.

Viva a vida. Que é única e um dom que não podemos, nunca, negligenciar, nem dar como adquirido. Lembrando sempre a mensagem do filme da Disney “coco” que nos lembra que viver é sermos lembrados mesmo quando não estamos. E o Papa Francisco de atestar que “de pessoas importantes estão os cemitérios cheios”.

Viva a Europa que existiu e fora pensada por Homens bons e sãos. Que a saibamos reconstruir, reactivar e que nunca mais dermos como adquirida a paz, o bem-estar e a solidariedade. Porque a vida é como a “bossa de um camelo”, quanto mais nos sentirmos confortáveis e bem, mais perto estaremos de perder e voltar à estaca zero, apenas por desleixo. Por isso, quando nos sentirmos bem, estáveis, privilegiados deveremos trabalhar com muito mais afinco e responsabilidade para não descer. Mas, se descermos, recomeçaremos, sem mais, a subir a “bossa” da vida, com rasgo, responsabilidade, ânimo e força.

Vivam os Portugueses. Pela serenidade, pelo nível, pela forma responsável e pelo respeito demonstrado por todos e entre todos.

Viva Portugal! O nosso País. Onde todos se sentem bem e gostam de vir e de estar. Que saibamos dar valor à História, ao País e ao Povo que temos e somos.

Vamos a isso! Vamos recomeçar!

Vouzela, 12 de Abril de 2020,