“Quero aqui, em nome do Governo, deixar-lhes uma palavra de confiança de que tudo faremos nos próximos meses para, em cima deste investimento do PRR e do Orçamento do Estado, encontrar uma solução financeira que possa, com os municípios, ser suscetível de tornar realizável o objetivo de duplicarmos a construção de casas (…)”
O fito desde acordo radica na construção e reabilitação de 4.130 casas destinadas a famílias mais carenciadas.
Diz-nos a experiência que promessas e palavras leva-as o vento. Se, por um lado, não é difícil elogiar a ação governativa, por outro é bom lembrar que em causa estão dinheiros públicos, de todos nós, contribuintes, e fundos europeus do PRR.
Este anúncio de ontem, feito com esperado alarido, por parte do Governo, peca por escasso. Note-se que Luís Montenegro anuncia mais 400 milhões de euros, mas é bom dizer que a filiação desta criança assume dois progenitores, porquanto António Costa já havia implementado uma medida de 300 milhões com implementação no Orçamento do Estado.
De forma global, a verificar-se o anúncio, ver-se-á mitigado – mas nunca resolvido – um problema gritante no país.
Com dinheiro esbanjado em causas menores, sempre se questiona se a medida não revela pouca ambição do governo. É, penso, a procura da cura de um cancro com foco numa zona concreta e definida, deixando à sorte e acaso todo o resto.
No que tange a Setúbal, são seis os municípios que assinaram o acordo com o governo: Moita, Almada, Seixal, Sesimbra, Alcochete e Setúbal.
É bom notar que a Península de Setúbal – sempre governada à esquerda – é a quarta região mais pobre de Portugal. E também é verdade que os concelhos em causa são extraordinariamente populosos.
Para melhor alcance, só estes seis municípios têm, no seu todo, 598.782 habitantes.
Ora, a indissociável situação da carência habitacional na Península de Setúbal carece de um programa mais arrojado. A par, não nos esqueçamos que o marxismo/socialismo se alimenta da pobreza. Em função disso e como corolário lógico deste status quo, apesar do alarido, tal anúncio peca por gritante escassez.
Se se compreender a demografia e a necessidade aliada à pobreza, pode-se afirmar, come elevada certeza, que as medidas anunciadas ontem pelo governo são ou serão, meramente, um paliativo.