A disciplina de História e Geografia de Portugal (HGP), lecionada no 2.º ciclo do ensino básico, ocupa um lugar central na construção da identidade cultural e cívica dos alunos. Contudo, ensinar HGP apenas com base em factos cronológicos e mapas estáticos ignora uma das suas maiores potencialidades: a valorização do património cultural como ferramenta de sensibilização para a preservação da memória coletiva. O património — material e imaterial — é um recurso educativo vivo que aproxima os alunos da sua história, inspirando-os a compreender, valorizar e preservar o que os rodeia.

Quando falamos de património cultural, referimo-nos a monumentos, sítios históricos, tradições, histórias orais e até práticas quotidianas que nos definem como sociedade. Estes elementos não devem ser apenas referidos nos manuais escolares; devem ser explorados como meios concretos de aprendizagem.

Por exemplo, visitar o Mosteiro da Batalha não é apenas conhecer um edifício. É compreender a importância da Batalha de Aljubarrota, o contexto da independência nacional e a riqueza do gótico. Mais do que memorizar datas ou nomes, os alunos desenvolvem empatia histórica, conectando-se emocionalmente com a sua herança cultural.

A exploração do património cultural nas aulas de HGP tem um impacto direto na formação dos cidadãos do futuro. Ensinar os alunos a valorizar o património é formar cidadãos conscientes, preparados para respeitar e proteger os bens históricos e culturais. Infelizmente, muitos jovens desconhecem a importância de monumentos ou tradições locais, vendo-os como simples coisas sem relevância.

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Quando os alunos percebem que o património cultural conta histórias — as suas, as das suas famílias — ganham um novo olhar para a sua preservação. Por exemplo, aprender sobre os azulejos portugueses pode transformar-se numa reflexão sobre a necessidade de combater o vandalismo ou o abandono de edifícios históricos. Desta forma, o ensino de HGP torna-se também um veículo para a educação para a cidadania.

Além dos grandes monumentos ou sítios históricos nacionais, é fundamental que os professores de HGP explorem o património local e imaterial. Cada região possui um vasto leque de tradições, lendas e memórias que podem ser trabalhadas nas aulas de forma interativa.

Por exemplo, estudar as festas tradicionais ou as lendas locais ajuda os alunos a reconhecer o valor das suas raízes e a criar laços com a sua comunidade. A realização de entrevistas com os mais velhos ou a recriação de tradições locais em projetos escolares aproxima os conteúdos da realidade dos alunos. Estas atividades humanizam o ensino, mostrando que a História não está apenas nos livros, mas também nas pessoas e nos espaços que nos rodeiam.

O professor tem um papel fundamental na mediação entre os alunos e o património, devendo ser facilitador de experiências educativas, utilizando o património como recurso pedagógico ativo.

As visitas de estudo a monumentos, museus ou sítios arqueológicos são uma das estratégias mais eficazes para ensinar HGP. Contudo, estas atividades não devem ser vistas como simples “passeios”. Devem ser planificadas com objetivos claros, integradas nos conteúdos e acompanhadas de reflexões pós-visita.

Concluindo, o património cultural é uma ponte entre o passado, o presente e o futuro. No ensino de HGP, ele não deve ser tratado como um conteúdo secundário, mas como um instrumento pedagógico central para inspirar os alunos a valorizarem a memória coletiva e a identidade cultural. Preservar o passado não é apenas uma questão de respeito pelos que vieram antes, mas uma forma de preparar as gerações futuras para construir um mundo mais consciente, informado e conectado com a sua herança.