É o fungagá, fungagá da bicharada. É o fungagá, fungagá da bicharada la la la la la la la la ra ra ra ra. O avô Cantiga sabe-a toda. A época 2019-20 é mesmo o fungagá da bicharada, culpa de um vírus teimoso (passe o pleonasmo). A época começa com a Supertaça e toma lá 5-0 ò Sporting, da parte do Benfica. O Braga dá continuidade e ganha o segundo troféu da época, a Taça da Liga. A 1.ª Divisão é conquistada pelo Porto, a duas jornadas do fim. Já só falta a Taça de Portugal, entre Porto e Benfica no Jamo…

É o fungagá, fungagá da bicharada. É o fungagá, fungagá da bicharada la la la la la la la la ra ra ra ra. Nem pensar, a final é longe do Jamor, bem longe. Quebra-se uma tradição de 37 anos. A última final fora de Oeiras é em 1983, curiosamente um Porto-Benfica. Decide um pontapé do meio da rua de Carlos Manuel com Zé Beto a sair mal na fotografia, nas Antas. Isso mesmo, nas Antas. E também em Agosto, como agora.

É o fungagá, fungagá da bicharada. É o fungagá, fungagá da bicharada la la la la la la la la ra ra ra ra. Que tal mudarmos o tom? É só discos pedidos. Vamos ao mais antiquado Cooooooimbra, tem maaaaaais encaaaaaanto na horaaaa da despedidaaaaa. Exacto, vai acabar a época em Coimbra, onde o Porto exerce um maior domínio sobre o Benfica. Em quatro finais, está 3-1. A primeira experiência é em 1931, no dia 28 Junho. É até o primeiro clássico de sempre, no campo do Arnado. O Diário de Lisboa escreve “Coimbra, uma fidalga terra acolhedora, que sabe receber as pessoas que a visitam, tinha ontem o aspecto dos dias de festa, de grande festa. Além dos comboios especiais que conduziram muita gente, a todo o momento, dum lado e doutro, chegavam automóveis transportando desportistas.”

Começa o clássico e o Benfica assume-se como favorito nos primeiros instantes. O golo é um mero pró-forma. O primeiro de todos é de Vítor Silva, em recarga a uma bola atirada por si. “Foi o goal que mais gostámos, aquele que mais apreciámos pela dificuldade da colocação do shoot“. O dois-zero aparece ainda antes do intervalo, por Dinis, na sequência de um canto marcado para a molhada. Siska e Sampaio chocam no ar, Dinis encosta o pé na bola e Temudo tenta impedir (em vão) o golo. Na segunda parte, bis de Vítor Silva num remate surpresa com o pé esquerdo. Siska estica-se para nada. Acaba 3-0, o Benfica é campeão de Portugal.

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Cooooooimbraaaa. As duas equipas só se encontram de novo na capital dos estudantes em Setembro 1992, por ocasião da finalíssima da Supertaça. O jogo só é excitante nos últimos 15 minutos, com golo de Isaías (74’) e resposta de João Pinto, de penálti (85’). No prolongamento, nada de novo. Vamos para penáltis. William 1-0, Silvino defende o remate de João Pinto, Rui Águas 2-0, Fernando Couto por cima, Kulkov 3-0. Quem acredita ainda na vitória do Porto? Errrrrrr. Pinto da Costa ajoelha-se a rezar. É o fungagá, fungagá da bicharada. É o fungagá, fungagá da bicharada la la la la la la la la ra ra ra ra. Retomemos a marcha. Aloísio 3-1, Isaías por cima, André 3-2, Baía defende remate de Hélder e António Carlos 3-3. Empate, que paródia. Segunda série. Mostovoi, defesa de Baía. Uyyy, tu queres ver? Paulinho César, também conhecido como McLaren pela velocidade, avança e engana Silvino. O Porto ganha 4-3. Incrível, verídico.

Dois anos depois, em Agosto 1994, voltamos ao Cooooooimbra, tem maaaaaais encaaaaaanto na horaaaa da despedidaaaaa. Outra Supertaça, outra finalíssima. O clássico é vibrante, 0-0 ao intervalo, 1-1 no final (Domingos e Tavares marcam nos últimos cinco minutos), 2-1 na primeira parte do prolongamento (Secretário), 2-2 na segunda (César Brito). Penáltis, again. Hélder 1-0, João Pinto (defesa de Preud’homme), Kenedy (defesa de Baía), José Carlos 1-1, Abel Xavier 2-1, Rui Filipe 2-2, Paulo Madeira 3-2, Paulinho Santos 3-3, William (ao lado) e Drulovic 4-3. Mais uma festa azul, agora com requintes de heroísmo pelas expulsões de Aloísio (93’, duplo amarelo) e Rui Barros (101’, vermelho directo). Veiga Trigo rules.

Passam-se uns anos, vira-se o século. Quarto e último capítulo da saga dos clássicos em Coimbra, a 20 Agosto 2004. O Porto convive mal com a saída do mestre Mourinho, vencedor de Taça UEFA 2003 e Liga dos Campeões 2004. Sem esquecer alguns jogadores valiosos, como Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho e Deco. Este último é usado como moeda de troca (sort of speak) com Quaresma. O extremo chega para jogar às ordens de Del Neri. O italiano nem sobrevive à pré-época e é substituído pelo espanhol Víctor Fernández. Já o Benfica é mais paciente e mantém o italiano contratado no Verão. Falamos de Trapattoni, claro está. Na estreia desta malta toda, Quaresma abre o livro e oferece a Supertaça ao Porto com um nó cego em Argel antes de bater Quim. Um-zero. Daí até Maio 2005, o Porto sagrar-se-á campeão mundial em Tóquio e o Benfica conquista a 1.ª Divisão 11 anos depois, no Bessa.

Passam-se uns anos, vira-se a década. Estamos em 2020, na ressaca de uma pandemia infinita – caso para dizer que é o fungagá, fungagá da bicharada. É o fungagá, fungagá da bicharada la la la la la la la la ra ra ra ra. Quinto episódio do clássico em Cooooooimbra. Na horaaaa da despedidaaaaa. Resta saber se o encanto é para o Porto ou para o Benfica.