Esta semana, cabe ao PSD escolher o sucessor de Rui Rio e seu próximo presidente. Internamente, o momento que vivemos é altamente exigente.

Após 6 anos na oposição, somos confrontados com uma recém-eleita e surpreendente maioria socialista e com o fortalecimento de dois novos partidos na direita portuguesa.

Num tempo de ressaca eleitoral, marcado pela pandemia Covid e pelo conflito bélico no leste europeu, nota-se, porventura como nunca, um brutal afastamento dos portugueses da política e dos partidos existentes.

Este contexto, sobrecarrega a obrigação do PSD em fazer uma reflexão profunda sobre o seu presente e futuro.

Desde 2002, o PSD perdeu importância nos centros urbanos e nos sectores mais jovens da sociedade, incompatibilizou-se com grande parte dos pensionistas portugueses, reduziu implantação autárquica e tem sido, demasiadas vezes, incompetente na renovação das suas figuras.

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Na atual circunstância, ou tomamos as opções certas ou, infelizmente, acentuaremos um certo declínio e a incapacidade de criar um projeto mobilizador para Portugal.

Neste quadro, apesar de respeitar a coragem e persistência do meu companheiro Luís Montenegro, acredito que só Jorge Moreira da Silva compreende o tempo e o momento que enfrentamos e para o qual vejo 10 prioridades:

  1. O PSD tem de se abrir à sociedade e a novas formas de participação. É urgente acabar com os bloqueios a novos militantes, ponderar a existência de quotas pagas e refletir sobre a instauração de primárias em mandato legislativo.
  1. Ao longo dos últimos anos, o PSD entrou numa frenética guerra interna que o impediu de se renovar e apresentar como alternativa. É fundamental que vencedores e vencidos revejam o seu comportamento, distinguindo livre pensamento de um certo narcisismo, só assim se poderá erradicar o clima instalado.
  1. Surgiu um partido xenófobo e racista em Portugal. O PSD tem de ser claro aos eleitores na sua rejeição absoluta.
  1. Criou-se também um novo partido liberal em Portugal. Mantendo-se o necessário respeito democrático, o PSD tem de ser capaz de comunicar com modernidade e ainda de denunciar os perigos que o liberalismo excessivo, sem preocupações sociais, traria aos sectores mais vulneráveis da sociedade portuguesa.
  1. O PS tornou-se num perigoso partido de esquerda radical que definitivamente escolheu banalizar a pobreza ao invés de criar condições para um igual acesso a oportunidades e consequente criação de riqueza. O PSD tem de se afirmar como alternativa clara.
  1. Os portugueses pagam cada vez mais impostos, mas as respostas estatais – essenciais na saúde, educação, justiça, segurança e não só – prestam cada vez pior serviço. O PSD tem de ser o partido da prestação pública com qualidade e dignidade.
  1. O mundo mudou com a emergência da digitalização e a problemática da sustentabilidade climática. O atual sistema de pensões está falido. O PSD tem de liderar o debate pela criação de novo sistema contributivo que traga equilíbrio e justiça nas taxas e impostos e sustentabilidade à segurança social.
  1. Portugal é um dos poucos países do mundo onde mais de 40% da população vive em apenas dois centros urbanos (AM Lisboa e AM Porto). O PS nunca terá coragem para enfrentar o cancro do centralismo que nos fez e faz abandonar a quase totalidade do nosso território. O PSD tem de reencontrar a coragem reformista da sua fundação.
  1. As alterações no mercado laboral, acentuadas pela crise pandémica, vieram transformar a falta de recursos humanos no maior pesadelo do sector empresarial português. O PSD tem de ser motor no desenho de novas formas de incentivo ao trabalho.
  1. A inflação e a previsível subida de juros vão reforçar a perca de poder de compra nacional e o esmagamento da classe média, com evidentes consequências na já dramática falta de natalidade e no acesso ao direito básico da habitação. O PSD tem de ser incansável no encontrar das respostas públicas possíveis para o drama que se avizinha.

Ao fim de mais de 20 anos de socialismo, Portugal precisa de um partido reformista e inconformado, mas que não deixe ninguém para trás. A história mostra-nos que só o PSD consegue assumir este papel.

É nos desafios mais exigentes que encontraremos as razões para o futuro do PSD.