Caiu a geringonça. Em 2015, o país assistiu a uma das eleições mais polémicas e definitivamente a um dos períodos mais controversos da sua História recente. António Costa tinha perdido as eleições mas preparava-se para governar. Em democracia, nunca um governo tinha caído através de um chumbo de programa depois das eleições, nem nunca a esquerda se tinha unido para criar uma solução governativa.
No fundo, o Partido Socialista e os partidos da extrema-esquerda transacionaram o país. Viram na maioria relativa dos vencedores das eleições a oportunidade de chegar ao poder e impor a sua vontade sobre o destino do país e sobre a vontade expressa nas urnas. Fizeram a leitura política que entenderam dos resultados eleitorais e habilmente manipularam-nos a seu favor.
A oportunidade perfeita, quando o país já se encontrava em crescimento económico depois de quatro anos de austeridade causados pela terceira bancarrota socialista. O slogan “vamos virar a página da austeridade” iria coincidir com este fenómeno de recuperação herdado e a História seria fácil de reescrever, no futuro.
O PS queria poder, o poder que permite aos seus dominar todos os campos essenciais da vida civil. O Bloco de Esquerda e o PCP queriam a utopia de distribuir, sem fazer crescer. Esta miscelânea, de ganância com ideias políticas erráticas (que parecem não ter muita adesão entre os mais prósperos da Europa) estava condenada ao fracasso, um dia.
Esse dia chegou, a geringonça caiu da mesma forma que nasceu. E agora? Que soluções?
Seria intuitivo dizer e a História comprova que a direita viria para limpar os erros da esquerda, nomeadamente a estagnação económica que se verifica há vinte anos (com um crescimento médio inferior a 0,5% ao ano), uma carga fiscal asfixiante, despesa pública sem criação de riqueza e restrições. Muitas restrições, atentados graves às liberdades individuais; criação de “jobs for the boys”, perpetuação de dois sistemas no mesmo país, a estagnação do elevador Social.
Nos últimos 25 anos, a direita governou sempre para tentar corrigir os erros socialistas e esta é possivelmente a causa da hegemonia socialista que habilmente pega nas rédeas do poder do qual depende, depois de a direita colocar um penso rápido para estancar os problemas que já se tornaram crónicos.
À direita, tem faltado identidade. A começar pela ideologia, oscilante consoante o seu líder. É difícil apontar com exactidão os seus objectivos, metas, causas sociais. Antigamente, era “a alternativa aos outros”, agora resumiu-se ao vazio do ego dos seus líderes que não falam do país, fazem jogadas de xadrez com objectivos próprios.
É um lugar-comum dizer que a melhor forma de prever o futuro é olhar para o passado. Assim sendo, questiono-me que enquanto povo queiramos ou mereçamos andar num carrossel político eterno rumo a lado nenhum.
Dizem também que se aprende pelo exemplo. E temos muitos exemplos na Europa, a começar por países de leste, como a Estónia e Lituânia, que entraram na União Europeia em 2004 e como é sabido já nos ultrapassaram no PIB per capita.
O que nos impede de sacudir o pó e libertarmo-nos de formas de fazer política que já provaram não vingar e seguir os exemplos dos países que adoptaram medidas mais liberais?
O objectivo de qualquer governo deve ser o bem-estar dos seus indivíduos. Não são os indivíduos que têm que servir o governo, especialmente se esse governo criou um sistema caro e ineficiente.
Chegámos a um momento político insustentável no qual a liberalização económica não é apenas desejável como é essencial para evitar a quarta bancarrota e convergir com a Europa. O momento é de tirar as gravatas, arregaçar as mangas, abandonar os egos fatais em política e desejar mais: o retorno do trabalho, sem que isso seja o oitavo pecado capital.
Fechou-se a porta socialista. Tenhamos a audácia de abrir uma janela liberal.