A crise sanitária, com as limitações que nos impõe, e a decorrente crise económica, resultado de uma parcial paralisia económica, atinge-nos de uma forma inóspita e com uma dimensão sem precedentes nas nossas vidas. Os jovens são uma das camadas da população especialmente afectadas por este cenário de incerteza e imprevisibilidade. Como o horizonte do futuro domina as suas aspirações, os contornos disruptivos desta crise são, para a juventude, de uma profunda transcendência. Ela condiciona e prejudica a sua projecção no futuro. Isso gera angústia e exclusão no presente.

A resposta a estas dificuldades, que limitam a concretização das suas aspirações e a sua inserção na sociedade, terá de ser, invariavelmente, global, transversal e intersectorial, no quadro das medidas que o país e a Europa preparam e já implementam para defender o emprego, os rendimentos e evitar a propagação recessiva. Ela exigirá também muito das políticas sectoriais de juventude. Nesse quadro, as políticas europeias de juventude devem desempenhar um papel central e os seus instrumentos operacionais e os programas que lhe dão corpo têm de continuar a ser bem mais do que apenas programas de apoio à mobilidade dos jovens. Os seus objectivos maiores terão que, reforçadamente, continuar a ser a projecção dos jovens como cidadãos de corpo inteiro e pleno direito, capazes de serem actores nos campos económico, social, cívico e político.

É por isso que o muito significativo aumento dos seus orçamentos, que estava previsto quer na proposta do Parlamento Europeu quer na proposta da Comissão, não deve ser assim encarado como supérfluo num cenário de crise. Pelo contrário. Neste momento é ainda mais vital uma resposta decidida que combata os problemas dos jovens, dê voz às suas opiniões e concretize as suas aspirações; uma resposta centrada no conceito da cidadania e articuladora de estratégias de emancipação e de luta contra as desigualdades e exclusões; uma resposta que promova a participação e valorize o Associativismo Jovem enquanto portador privilegiado da capacidade interventiva das novas gerações.

Não, as Políticas de Juventude não se reduzem à oferta de ócio e de actividades de entretenimento, como caricaturalmente, por vezes, são descritas.

Os programas Erasmus+, DiscoverEU e Corpo Europeu de Solidariedade são disso mesmo exemplo, tendo revelado serem importantes factores de desenvolvimento pessoal, mas também imprescindíveis motores de inovação, criatividade e desenvolvimento social. O preconizado reforço do investimento nestes programas representa, assim, o reforço da capacidade dos jovens para elaborarem o seu próprio projecto de vida e contribuírem positivamente na vida das suas comunidades. Isso será, certamente, importante para os Jovens. Mas porque a Juventude não representa apenas a esperança no futuro, é parte fundamental de uma rápida alteração do presente, isso será, sobretudo, importante para um País e para uma Europa mais justa, mais solidária, com mais igualdade de oportunidades e onde ninguém fique para trás.

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