Sou daqueles que entendem, ao contrário do secretário-geral da ONU, que a responsabilidade da guerra que se está a viver no Médio Oriente é totalmente do Hamas.

O ataque levado a cabo em Israel a 7 de outubro de 2023 foi uma tragédia humana inaceitável e absolutamente condenável, que não podia ter outra resposta que não a de um ataque muito forte aos seus responsáveis.

Infelizmente, a humanidade está dominada por minorias que desejam o poder a todo o custo e para quem a vida dos outros é uma mera questão de utilidade para os seus próprios intuitos.

E foi sempre isso que o Hamas fez no território de Gaza, aproveitando-se da população como defesa dos seus próprios interesses e em função das suas necessidades de afirmação política e militar.

Contudo, ao longo deste ano que passou, temos assistido a outra forma muito errada de levar a cabo aquilo que originalmente era um direito – apesar de nunca desejável – em termos de política internacional.

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A utilização da tragédia ocorrida em 7 de outubro como forma de aproveitar para manter uma guerra de interesses individuais e de afirmação de poder político, deixa de estar justificada pelos acontecimentos em causa e passa a ser uma atitude condenável e inaceitável, que rejeito profundamente.

Mas aquilo que mais me dói é assistir, de parte a parte, e dos defensores de cada parte, a um desfilar de argumentações e de acusações sobre a responsabilidade dos acontecimentos, sobre as razões daquilo que se está a passar e nunca sobre a solução que necessitamos conseguir.

A partir de determinado momento, e esse momento neste caso já passou há muito tempo, já não importa quem tem razão nem sequer quem ganha ou perde.

Apenas a paz é necessária, desejável e exigível.

Como diz o Papa Francisco, “Basta de guerra! Palestina e Israel vivam lado a lado”.

A partir de agora ninguém vai ganhar mais nada.

Israel já marcou a sua posição e os palestinos já pagaram pelo desastre que um punhado de homens decidiu realizar.

Já ninguém vai recuperar nada e, como será impossível destruir a Palestina e os palestinos, bem como será impossível deixar de haver um Estado de Israel, a única boa solução é perdoar e voltar a começar.

Sabemos que esta é, ainda assim, uma solução que nos parece utópica e que dificilmente será possível de pôr em prática, mas foi isso mesmo que fez Cristo visitar os Homens – fazer acreditar que é em dar que se é feliz, é em perdoar que se encontra a razão e que é no amor que está a salvação.

O Mundo hoje não gosta de ouvir estas palavras e muitos comentarão quão inútil será este artigo.

Contudo eu estou certo de que este é o caminho da paz de que nos fala o Papa.

Da paz que nos pedem todos aqueles que estão hoje a viver um cenário de guerra, sejam eles palestinos, israelitas, ucranianos ou russos, todos ambicionariam apenas um pouco desse amor para voltar a ver as suas famílias à sua volta, os seus filhos a brincar nas ruas, os seus pais tranquilos e longe da morte que traz a guerra.

Ao contrário daqueles que, tendo obrigação de garantir a paz no Mundo, escolhem lados para ter razão, eu acredito que nunca haverá razão para uma guerra e que sempre, no final, através do perdão, vencerá o amor.

Por isso vale a pena perdoar mais cedo que mais tarde.