As interpretações sociais das vontades políticas, consubstanciadas nos dilemas antológicos entre os impulsos do “querer” e a execução do “fazer” causam aos portugueses a clara sensação de que este governo de maioria socialista é, no fundo, um sujeito desesperado, atado numa teia de inútil incapacidade.

Fernando Pessoa, poeta que nos brindou com alguns dos melhores poemas escritos na língua portuguesa, escreveu em 1933: “Tudo o que faço ou medito”.

Ao analisar o conjunto de estrofes, percebi, sem surpresa, que a sucessão de versos é uma ode clara às capacidades políticas do Primeiro-Ministro, António Costa, do governo que lidera e também do Partido Socialista. Ora veja:

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade
Querendo, quero o infinito
Fazendo nada é verdade.”

Podemos afirmar mais, este poema de Fernando Pessoa ultrapassou a dimensão de poema. É, depois de 8 anos de governo do Partido Socialista, o resumo do seu programa de governo. É que nas múltiplas áreas da governação política: “nada é verdade”.

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Na economia, que afinal de contas consiste no pão nosso de cada dia, o desastre arrasta toda uma geração de jovens que não se conseguem desenvolver no nosso país. Temos o 2º sistema fiscal menos competitivo da OCDE, com uma enorme incidência nas empresas e nos rendimentos individuais, somos o 6º país europeu com maior tributação sobre os dividendos de quem consegue investir o dinheiro que ganha com o esforço do seu trabalho.

Existem desequilíbrios enormes entre os jovens que se lançam à vida. Podemos consentir que tirar um curso superior não gere valor? Podemos sequer achar normal que não exista recompensa pelo esforço que os jovens fazem para se qualificar? Que país afinal é este que despreza assim a força da sua juventude?

Os dados são claros: o ganho salarial entre quem tira um curso superior e quem não tirou caiu numa década de 51% para 27%.

Tudo isto demonstra a verdade objectiva que este governo é incapaz de executar um projeto para Portugal.

Mais.

Somos o 4º país da União Europeia com maior percentagem de jovens que ainda não se conseguiram emancipar. 95% vive na casa dos pais. 25 % da nossa juventude vive numa situação de pobreza ou exclusão social. 6 em cada 10 jovens são precários e estamos em 7º no ranking do desemprego jovem. 44% dos profissionais da geração Z têm dois empregos, acompanhados por 31% dos millennials.

Tudo isto compõe a realidade de gerações que não se conseguem concretizar.

Nunca a escola pública esteve tão mal. Em 20 anos, a degradação a que votaram esta valência nacional foi de tal ordem que no Top 50 das melhores escolas do país só 5 sobrevivem, ao passo que no início do século eram 25. Este ocaso ganha contornos mais perniciosos quando se percebe que na faixa interior que vai do Algarve a Bragança, não existe uma única escola neste ranking.

Isto é o abandono total do interior e dos seus habitantes às mãos da incúria deste Estado.

O governo socialista continua a falhar em toda a linha, e se os estímulos que dão aos jovens são totalmente errados no fomento da economia e na educação, o que dizer então do estado da saúde.

Sabemos que nos últimos 4 anos os portugueses sem médico de família duplicaram. Hoje existem 1,7 milhões de cidadãos sem acesso a médico de família.

Aquilo a que assistimos é a uma inversão total da função do Estado, a mutilação inequívoca do Estado Social e a amputação do elevador social.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço

Aconselho o Primeiro-Ministro a ler este poema de Fernando Pessoa.

Pode ser que ao autoavaliar-se consiga de facto deixar de se autocentrar no seu próprio poder e passe a olhar para o país que construiu. O Portugal de António Costa é um mar de sargaço, onde a nebulosa de algas e lamas tornam a máquina do Estado imutável e irreformável, o que nos atira para uma realidade difícil, onde todos, iguais na miséria, sofremos as agruras dos erros desta forma de fazer política.

Com o PS, na propaganda somos o país do infinito, mas têm sido demasiados anos em que nada é verdade! Que país estamos a deixar que se construa?

Existe alternativa a tudo isto, acredite!