Em primeiro lugar, peço o favor de lerem o artigo até ao fim, porque o título ou o resumo não são suficientes para entender o que afirmo e está em causa um assunto muito importante. Pedro Santana Lopes é, desde a juventude, um homem sempre disponível para evoluir e fazer a diferença. Começa como presidente da associação de estudantes e logo na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa chama à atenção pelo seu brilhantismo, ganhando uma bolsa como investigador na Alemanha. Mas volta a Portugal para ser assessor jurídico de Sá Carneiro, pouco antes deste morrer assassinado. Acredito que este momento tenha influenciado muito a sua vida e a sua sensibilidade.

Jovem deputado pelo PSD, continua a sua carreira académica e começa a defender os seus ideais, já vincados. Integra o Governo mais próspero e duradouro da História portuguesa em muitos séculos: o de Aníbal Cavaco Silva. Rapidamente se torna popular e fonte de inspiração para muitos, pelo espírito de combatividade, aguerrida defesa do PPD/PSD de Sá Carneiro e honestidade franca com que consegue comunicar com os portugueses. A sua franqueza sensível, assertividade desconcertante e capacidade de fazer mudanças positivas por onde passa, cria desde logo inimigos entre quem interessa o situacionismo. Por isso mesmo, começa a ganhar críticos na política e na imprensa – aos quais sempre responde com o civismo e a cordialidade de um gentleman.

Inicia obra feita como presidente da Câmara, não só ideias e convicções, mas também numa cidade que dá um salto gigantesco: a Figueira da Foz. Depois, contra todas as sondagens, ganha a presidência da Câmara de Lisboa. É aqui o maior político português em ascensão, que traz mais entusiasmo e com espírito de renovação que faz tremer os velhos do Restelo. Nesta altura, comete um erro político, fruto da sua generosidade e vontade de mudar o país. Durão Barroso troca o lugar de primeiro-ministro pela presidência da Comissão Europeia e deixa o seu lugar inevitavelmente minado. Santana Lopes aceita substituí-lo e torna-se primeiro-ministro. Evidentemente, não tem o tempo para executar as mudanças que sempre havia desejado, perante uma comunicação social muito hostil e o mediatismo do líder da oposição, um tal de José Sócrates. Por razões supérfluas e incompreensíveis do ponto de vista institucional, o Presidente Jorge Sampaio dissolve o Governo e entrega de bandeja o lugar de primeiro-ministro ao camarada José Sócrates, que as sondagens “legitimam.” O resto é História.

Santana Lopes fica arredado da política, mas por duas vezes é candidato a presidente do PPD/PSD – perdendo contra Ferreira Leite e Rui Rio por pequenas margens. O rombo pessoal provocado pela ansiedade geral em promover o engenheiro Sócrates a primeiro-ministro, deixa marcas na sua popularidade e imagem de líder político competente. Novamente movido pela generosidade e crença nos ideais que sempre defendera, cria um novo partido político que é mal sucedido. Isto afeta novamente a sua reputação, o que não o impede de ganhar novamente a presidência da Câmara da Figueira da Foz. Por todo este percurso, sim: é a pessoa em Portugal com melhor currículo para ser o próximo Presidente da República.

Não conheço pessoalmente o Dr. Santana Lopes, mas o que me levou à urgência de escrever estas palavras foi o sentido básico de justiça, perante um homem que foi prejudicado pela sua extrema generosidade e uma decisão de colocar o dever público à frente do interesse pessoal. Quem dera que os erros políticos e profissionais de outros fossem deste calibre. Tenho grande admiração pela sua ânsia de justiça social e pelo seu desejo superior do desenvolvimento de Portugal. Tenho grande admiração pelo seu discernimento e capacidade intelectual. Mas sobretudo amo o meu país e só Pedro Santana Lopes será capaz de unir um Portugal que está cada vez mais separado em classes sociais, ideologias e extremismos. Ao contrário da maioria dos políticos de hoje, não é uma máquina sem emoções que obedece a agendas ou lobbies. Santana Lopes é um homem livre, sensato, capaz e injustiçado. E a única forma de lhe fazermos justiça será a melhor forma de dar esperança a este caminho que todos percorremos juntos, chamado Portugal. Santana Lopes a Presidente da República

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR