Já diz o ditado que rir é o melhor remédio.
São inúmeros os estudos que apontam os benefícios do riso como meio de aliviar o stresse, diminuindo a presença de emoções negativas como a tristeza, libertando serotonina e endorfinas, as ditas hormonas associadas à sensação alegria e felicidade. Provoca bem estar e consequentemente, um estado de boa saúde mental. Ainda também está comprovado que tem um efeito de reforço do sistema imunitário, ajuda no funcionamento do sistema cardíaco, pois o fluxo sanguíneo aumenta e regula a pressão arterial, estimula também a elasticidade da pele com os músculos que faz movimentar. Só vantagens em rir com fartura, e sem efeitos secundários como contra indicações.
Se, sim, rir é dos melhores remédios, um pequeno prazer carnal como expôs Umberto Eco, pode, ao contrário do revela, esconder um sofrimento. Afinal quantas vezes o humor e a figura do palhaço é um artifício para encobrir a tristeza e a dor? O recurso ao sarcasmo sorridente para defrontar uma amargura latente. O riso amarelo. As piadas e anedotas às portas das capelas funerárias. Em alguns casos, muitos posts preenchidos de (falsas) gargalhadas. Os risos lábeis, fruto de um estado emocional desequilibrado. Os risos dos bullies que gozam com os outros para se desviarem de si. Estes risos já são contraproducentes para a saúde e indesejáveis para a sensação de plenitude.
Devemos, portanto, distinguir o riso que vem verdadeiramente de dentro e o riso para mostrar para fora, o usado como máscara social, que mostra os dentes mas não tem alma.
O riso assume uma função de socialização, tal como é evidente no esboço dos primeiros sorrisos dos bebés como veículo de comunicação e estabelecimento de relação. É esse riso que é o melhor remédio. O riso assente na cumplicidade e empatia que se desenvolve no seio de boas relações afectivas; os risos cínicos são um veneno e não um remédio.
O bom remédio é o sorriso apaixonado, o riso entre amigos, o sorriso de satisfação e realização, o riso que faz bem ao próprio e aos outros, que é coerente com o que se sente proveniente de um bem estar partilhado.
Saber rir de si mesmo também é um bom remédio. Não de forma auto-depreciativa mas como um sinal de maturidade e inteligência emocional. Afinal não somos perfeitos e temos limitações e imperfeições que devemos saber tolerar e integrar. E fazendo isso connosco, permite-nos aceitar o mesmo em relação aos outros. O riso de ligação é assente em vínculos em que estamos a rir com os outros e não a rir dos outros.
O bom rir é o belo e não o grotesco. A bom termo leva.
anaeduardoribeiro@sapo.pt