Desengane-se quem julga que a obra final é totalmente desassociada do que o que a contorna. Por mais talentoso e prestigiado que um chef de cozinha seja, por mais sabor e qualidade que o seu prato de eleição tenha, o próprio cozinheiro seleciona os melhores produtos e fornecedores do mercado para aprimorar o seu produto.

Este dogma repercute-se em quase todas as áreas e, num momento em que os rankings das Escolas estão na ordem do dia, não podia passar despercebido. Esta reflexão decorre de uma estudante que frequentou o Ensino Privado desde o 1º ao 12º ano e que assegura que a Escola Privada onde estudou representa muito mais do que fórmulas, narrativas e visitas de estudo. Representou (e ainda hoje o faz de forma exímia) amigos, valores, consciência e autoconfiança. Como referido na introdução deste artigo em jeito de metáfora, e, passando agora para o tema em questão, há muito mais numa Escola Privada do que resultados. Há profissionais a trabalhar todos os dias, famílias a investir, condições a melhorar de ano para ano e um ambiente seguro, de excelência (muito mais do que a nível académico). Não me interpretem mal. Bem sei que comparar realidades incomparáveis é um erro frequente (e muito injusto) que muitos cometem nesta altura do ano em que estes resultados são expostos a nível nacional. Contudo, não é por existirem imperfeições no sistema educativo português que temos de deixar de elogiar o que funciona e tem sucesso. No momento em que saíram os resultados, o Ministro da Educação, João Costa, prontamente manifestou a sua opinião acerca desta temática afirmando veemente “Não reconheço os rankings das escolas”, qualificando as como “meras hierarquizações”.

É certo que a atmosfera de cada estabelecimento de ensino é diferente. Tem realidades sócio económicas heterogéneas e, por conseguinte, um método, rigor, organização e trabalho dissemelhante. Acontece que, apesar de todos estes fatores cruciais, em Portugal, existe uma única técnica de comparar todas as escolas, através dos rankings anunciados com base nos resultados obtidos nos Exames Nacionais. É o único elemento que nos permite comparar as escolas de todo o país. Posto isto, considero desmerecido descredibilizar esta, que é a única evidência que temos do aproveitamento dos alunos a nível nacional.

O Colégio Privado que está em primeiro lugar teve (irrefutavelmente) a média mais alta, pelo que deve ser reconhecido e valorizado. Ainda que as restantes condições não estejam descritas nesta conjuntura, este Colégio possivelmente terá melhores práticas que levaram aos excelentes resultados e ao primeiro lugar no pódio. Uma vez que os rankings são o único elemento de avaliação que subsiste há anos, devem ter o peso e a importância que lhes concerne. Ao contrário do que muitos avaliam, esta lista não representa uma competição, mas sim uma corrida, na qual há sempre um vencedor e muito espaço para melhorar.

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