1 Ver para descrer. A encenação, os convidados, as perguntas artificalmente contudentes, os temas pré combinados, a plateia quase, quase toda escolhida a dedo, o tom, as palmas. E os ausentes, desde logo a Ordem dos Médicos (porque não estava?) e os proscritos (a Ordem dos Enfermeiros aflige assim tanto o Governo?). No meio, sorrindo, sorrindo muito com a confortável segurança que lhe advinha de estar a jogar em casa com o resultado previamente decidido na secretaria da RTP, a ministra da Saúde, faltando à verdade com o invejável à vontade de saber que ninguém ali a desmentiria. Foi o último “Prós e Contras” (Prós e quê?). Não fora a inverosimilhança de tudo e a encenação teria sido um insulto aos portugueses sem voz nem vez na Saúde (e aos outros, pensando bem). E não, não desdenho do Serviço Nacional de Saúde – pelo contrário já aqui o elogiei sonantemente há poucos meses atrás, salvou só e mais nada o coração de um dos “meus”. Mas espanto-me sempre com a desenvoltura ágil com que o Governo nunca hesita em “usar” os portugueses para fazer deles parvos. E de caminho, demissionários. E também de caminho, ocupando todos os meios que aparentemente a isso se dispõem.
O país testemunhou-o esta semana.
2 Como Deus não dorme, poucas horas antes desta televisionada pequena comédia de costumes, houve um parto muito especial. Nascia um livro que celebra e consubstancia o contrário do que acima expus, no modo decente, sério, crítico, como não disfarça nem falseia a abordagem de um tema delicadíssimo na Saúde: a relação médico-doente.
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