O conceito de e-commerce não é novo, longe disso. A Amazon, por exemplo, um dos expoentes máximos do comércio eletrónico, está online desde 1995. Porém, o crescimento e potencial das vendas pela Internet foram fortemente impulsionados nos últimos anos, em muito devido à pandemia, que não só forçou uma inovação das tecnologias disponíveis, como levou a que milhões de consumidores passassem a confiar no digital para efetuar as suas compras.

De acordo com dados do INE de 2021, a utilização do comércio eletrónico em Portugal aumentou 5,2 pontos percentuais face ao ano anterior. Até 2022, segundo o relatório Nielsen “Future Opportunities in FMCG E-Commerce’, o valor total das vendas de Bens de Grande Consumo em Portugal, via comércio eletrónico, deverá ultrapassar os 415 milhões de euros, 1,6% do total das vendas. A nível mundial, as vendas BGC online podem atingir os cerca de 387 mil milhões de euros.

Embora menos visível, para que este processo decorra da melhor forma e a experiência do cliente seja a melhor é preciso que a evolução do setor logístico acompanhe este crescimento. Este é um trabalho intimamente ligado às tendências de e-commerce. E que tendências são estas? Passo a explicar quatro das principais orientações a que assistimos.

A ascensão do ‘comércio social’ e dos mercados virtuais

Os consumidores estão a afastar-se da conclusão das suas compras nos websites de empresas e, segundo a Forrester, 67% das vendas online B2C terão lugar em mercados virtuais até 2022.

Até bastante recentemente, eram sobretudo as marcas, distribuidores e retalhistas que nos vendiam o que comprávamos online. Agora, não são apenas os marketplaces mais conhecidos a ter o poder. Novos players, como as redes sociais Instagram e o Pinterest, estão a permitir um comércio social que permite às pequenas empresas vender online.

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Do ponto de vista logístico, o desafio será o cumprimento das entregas. Pela sua natureza, os posts de social media podem ser vistos por qualquer pessoa em qualquer lugar. Fazer a venda será a parte fácil. Entregar os bens ou serviços de forma eficaz, rápida, competitiva e conveniente pode ser menos simples.

Fazer face à escassez de mão-de-obra através da inovação

O boom do comércio eletrónico contribui para a escassez de mão-de-obra na indústria logística, particularmente durante as épocas de pico, como, por exemplo, a Black Friday.

A implementação crescente da automatização em armazéns e centros de distribuição ajuda a mitigar esta falta de recursos e pode proporcionar melhorias de produtividade. No entanto, a tecnologia não foi concebida para substituir os seres humanos por máquinas. A automatização serve as expectativas dos consumidores 24 horas por dia.

Outra peça deste puzzle é a conceção de locais de trabalho que melhoram a experiência do colaborador e que são agradáveis para trabalhar. As empresas que pensam no futuro percebem que atrair talento num mercado competitivo significa que precisam de oferecer um melhor ambiente de trabalho.

Crescimento do e-commerce significa crescimento das devoluções

Uma consequência lógica do aumento do comércio eletrónico é um aumento dos bens devolvidos. Um problema tanto para as transações B2B como para B2C.

Esta situação já está a ter um impacto no armazenamento nos EUA, onde a necessidade de logística inversa é o principal fator quando se trata de espaço de armazém alugado.

A crescente taxa de devoluções representa uma preocupação financeira e logística para as empresas, que podem ver enormes volumes de inventário saírem e, depois, regressarem.

A convergência do online e do offline

As empresas mais bem-sucedidas de amanhã, sejam elas de consumo ou de negócios, não serão as que têm uma estratégia online e um equivalente offline. Serão as que se focam numa estratégia omnicanal que incorpora ambas.

Estas estratégias empresariais refletem o desejo moderno de uma abordagem integrada da compra. Hoje em dia, quando alguém compra algo de uma marca, quer a mesma experiência de marca online que obtém offline.

Para os clientes do comércio eletrónico B2B, as compras online desempenharão um papel cada vez mais importante no seu trabalho, e estas mesmas quatro tendências aplicam-se tanto a eles como aos consumidores privados. Quando as decisões de compra fazem parte da sua vida profissional, torna-se ainda mais importante prestar atenção à forma como o futuro se está a moldar.