Vou para férias com um sentimento de tranquilidade que não esperava ter.

Apesar de as notícias sobre o Mundo se manterem negativas tanto no que respeita a guerra na Ucrânia e em Gaza, como na instabilidade esperada para as eleições no Estados Unidos e depois de termos sido massacrados pelas notícias internas de que este Governo não chegaria a durar, para que pudesse mudar nada do que o anterior tinha arruinado, eu sinto uma confiança e uma esperança que me leva para as férias, muito tranquilo.

Não há dúvida de que a nossa expectativa face aos acontecimentos esperados condiciona totalmente a avaliação que fazemos deles e provoca em nós a reação positiva ou negativa com que os classificamos.

Quem não se lembra de ir ao cinema ver um filme que todos dizem ser uma maravilha e sair de lá com uma sensação de frustração pois a sua expectativa era tão alta que o filme não cumpriu.

Ou também, quem não foi a um evento que lhe parecia ser uma insuportável e penosa experiência, e sair de lá com a sensação de que afinal não fora tão mau como parecia.

Pois, provavelmente terá muito que ver com essas expectativas que a minha sensação de tranquilidade está a ser criada.

Na verdade, há mais de dois anos que vivemos esta terrível realidade da guerra da Ucrânia e, no seu princípio todos acreditámos que a Rússia iria ganhar a guerra em dois tempos.

Depois, vivemos um tempo em que a Ucrânia parecia não ter qualquer capacidade de reagir por falta de meios.

Vivemos também um tempo em que pensámos que a guerra se iria estender a outros países europeus.

Hoje assistimos a uma realidade diferente, terrível na mesma porque é uma guerra, mas na verdade não estamos tão sujeitos à potência russa como temíamos.

Infelizmente, a questão de Gaza ainda está numa circunstância de grande apreensão e não me deixa qualquer tranquilidade.

Contudo, nos Estados Unidos, aquilo que eram favas contadas já não é uma certeza e isso, independentemente da confiança que nos possa trazer sobre o resultado que cada um considere melhor, mostrou-nos que não há absolutos nas decisões da vida e deixa-nos a esperança de que a melhor solução possa ser encontrada.

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Já no que diz respeito à política nacional, o governo tem-se afirmado como capaz não só de governar mas também de se manter.

As classes que se sentiam destratadas têm vindo a ver os seus interesses cuidados, as decisões necessárias têm sido tomadas e, mesmo quando o parlamento se decidiu a interferir na governação – criando associações que se diziam demonizadas –, a reação do governo foi excelente e permitiu seguir em frente no seu caminho de dar a Portugal de novo uma confiança de que todos precisamos para poder seguir com as nossas vidas.

A maioria dos portugueses está convencida de que este governo vai cá estar no ano que vem e está confiante de que o seu primeiro ministro é um excelente líder com a consciência e a responsabilidade que faltaram ao partido socialista e aos seus governantes.

Tudo isto me traz a sensação de que estamos a voltar a viver uma democracia em que não há predestinações, não há absolutos, não ganham os dominadores, nem tem razão quem adivinha.

Há sim, alternância, oportunidades, opiniões e criam-se alternativas com as ideias e o trabalho de quem está realmente disponível para olhar o país e o Mundo com a seriedade que lhe deve.

Talvez eu esteja influenciado pela expectativa, mas realmente há muito tempo que não via tanta tranquilidade ao meu redor apesar das tristes realidades em que muitos estão a viver.

E há muito tempo que não sentia os meus conterrâneos tão tranquilos no seu dia a dia.

Boas férias.