Nos momentos seguintes ao anúncio da vitória eleitoral de Donald Trump, ou da derrota de Kamala Harris, das profundezas da sociedade norte-americana emergiu nas redes sociais o vulcão da loucura esquerdista. O que se vê é um perturbador sofrimento psicológico de pessoas comuns equiparável ao trauma devastador da notícia da morte de alguém próximo: avô, mãe, pai, irmão, marido, mulher, entre outros.

Os vídeos são a prova pública que faltava de um fenómeno social de descompensação mental, paranoia, histeria que afeta adolescentes, jovens e adultos. Woke Lefties Get Slap of Reality After Kamala Loses to Trump é uma das compilações-síntese desses vídeos. Ilustra um mal que, como um vírus, está alojado em instituições nucleares que cabem nos dedos de uma mão: família, escola, universidade, comunicação social, meios artísticos.

Solicito ao leitor que veja o vídeo-síntese referido, ou outros, e formule o seu juízo sobre o mundo em que vive. Faça-o de preferência antes de prosseguir a leitura deste artigo.

1 Vídeos: a prova da doença mental coletiva

Numa das mais velhas e sólidas democracias do mundo, a norte-americana, não faltam imagens nas redes sociais de adolescestes e jovens (as suas famílias, escolas ou universidades não podem ser funcionais), assim como de adultos (a sua exposição à comunicação social ou aos meios artísticos destruiu a sua sanidade mental) que, no espaço público, fazem questão de exibir que gritam, choram, insultam, desesperam, atiram-se contra paredes, ameaçam desligar-se da sua família, amigos, país, proferem afirmações típicas de estados de alienação – chegou o fascismo para reforçar a misoginia, o racismo ou a xenofobia; as mulheres e crianças vão perder direitos; as pessoas vão ser perseguidas e presas pelo exército; a América acabou; vou ter de deixar o meu país; temos de salvar a democracia; etc. – porque uma maioria dos seus concidadãos não escolheu a sua candidata de esquerda.

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O fenómeno enquadra-se no que Sigmund Freud designou por infeção psíquica ou, de forma mais terra-a-terra, loucura por contágio social.

Nos Estados Unidos da América (EUA) e restante Ocidente, existem instituições nucleares objetivamente identificáveis de regulação do modo como as sociedades pensam (famílias, escolas, universidades, comunicação social, meios artísticos) que resvalaram para uma tendência anormal de enclausurarem os indivíduos no seu manicómio, em rigor, em atitudes e comportamentos disfuncionais em vez de protegê-los, fazê-los crescer, assegurar-lhes equilíbrio mental. Se nos séculos passados as sociedades poderiam não possuir conhecimentos para identificar, isolar a fonte e promover a terapia desse tipo de patologia mental coletiva, hoje resistimos em dar a devida resposta por teimarmos numa irresponsável ignorância. Tudo demasiado grosseiro.

A fonte dessa insanidade mental socialmente instigada reside no campo político e, no interior deste, na esquerda. É possível ser mais incisivo. A fonte reside na massificação social dos ideais das políticas identitárias autodenominadas inclusivas: antirracistas, anti-xenófobas, ideologia de género, feminismos, ambientalismos ou globalismos radicais. Em 2024, com os vídeos qualquer cidadão passa a ter acesso a sintomas tão fortes quanto inequívocos de instituições nucleares terem tornado os indivíduos, desde a infância e ao longo da vida, altamente vulneráveis ao condicionamento mental patológico imposto pelo campo político da esquerda.

Em séculos e séculos de história, não se criou fórmula mais desumana, invasiva e destrutiva de subjugar as pessoas comuns aos seus poderes tutelares. Hoje são poderes políticos, no passado foram religiosos, mas também podem ser culturais ou económicos. Nenhuma sociedade responsável pode continuar indiferente quando existem provas públicas que a confrontam com a relação direta entre uma dada causa (ser de esquerda) e um conjunto objetivo de consequências mentais patológicas (alienação mental, histerismo, narcisismo patológico, intolerância a sensibilidades existenciais diferentes) que, por seu lado, definem e alimentam uma pulsão social de tipo inquisitorial ou totalitário.

Nada de semelhante existe no campo político da direita, dentro e fora do mundo ocidental.

2 Terapia: o regresso ao divã social que cura pela libertação da palavra

Se a mais de meio século de provas cumulativas de falhanços da esquerda pelo mundo (económicos, políticos, institucionais, sociais, culturais) – males recalcados pelas instituições tutelares numa névoa mental coletiva crescentemente incómoda – associarmos os vídeos perturbadores de pessoas comuns de esquerda que, em 2024, reagem de forma patológica a uma derrota eleitoral estaremos a resolver o maior problema social do século XXI.

Nas sociedades ocidentais, promover tal tipo de exercícios libertá-las-á do recalcamento mental malsucedido resultante de décadas de heranças negativas da esquerda, o processo terapêutico que repõe a sanidade mental coletiva. Para que fique claro, também existem recalcamentos mentais coletivos bem-sucedidos, os que fundam a moral social. As sociedades saudáveis não vivem sem eles e, por isso, nunca os colocam em causa. É o caso de cada indivíduo se interditar a si mesmo de matar, roubar, destruir instituições (família, escola, democracia…), por aí adiante. Portanto, o problema das sociedades reside nos recalcamentos malsucedidos, em particular a partir do momento em que já não os suportam e as sociedades entram em descompensação, em rotura mental.

Se o paciente mental fosse um indivíduo, a cura pela palavra far-se-ia no divã do psicanalista onde falaria com absoluta liberdade para ser compreendido, não para ser censurado, a conhecida amoralidade ética. Mas isso não funciona quando a fonte do desequilíbrio mental é social. Não por acaso, a obra de Sigmund Freud não dissocia o sujeito individual do sujeito coletivo. É o último que tem de exigir a si mesmo criatividade para construir o divã coletivo que permitirá a busca da cura mental da sociedade pela palavra.

Na verdade, esse divã coletivo existe há milénios e reside na liberdade de expressão. O problema é que esse divã entretanto banido nas décadas recentes das mais diversas instituições e espaços públicos, isto é, do campo político, comunicação social, escolas, universidades, meios artísticos. Qualquer dessas instituições foi tomada de assalto pelo pensamento único e censura mental da esquerda.

É nesse contexto que os vídeos de 2024 e o seu confronto com a liderança de Donald Trump se transformam em altamente terapêuticos. Instigam a cura pela libertação da palavra no espaço público ocidental, a forma de nos libertarmos uns aos outros de recalcamentos mentais malsucedidos, a fonte do poder patológico da esquerda, sendo que cada um de nós se tornará psicanalista do próximo. Não há mistério nisto, apenas a sanidade mental coletiva que, cedo ou tarde, acaba por se impor por si mesma. É a força da realidade.

3 Último detalhe: à política o que é da política, à sociedade o que é da sociedade

Dada a complexidade do ser humano, falta um detalhe. O equilíbrio mental de cada um de nós necessita da filiação, ao longo da vida, a diferentes instituições o mais autónomas possível umas das outras: família (função da educação/afeto), escola (ensino/conhecimento), igreja (crença/moral), literatura/poesia/cinema/música (sensibilidade intelectual), comunicação social (informação), clube (desporto/adrenalina), associações caritativas (civismo), por aí adiante.

O desafio do nosso tempo resulta da instituição-política (partidos, movimentos e ativismos) não ficar isolada ou, em rigor, não se cingir à autonomia do seu campo institucional, como as demais instituições, antes ter-se viciado em se sobrepor às outras instituições, em colonizá-las, em invadi-las sem freio. Daí a insanidade mental coletiva que nos afeta resultar da hiperpolitização do sentido da existência dos seres humanos. Se uma parte das sociedades se deliga da política, forma instintiva de autoproteção mental dos indivíduos, uma outra parte bastante significativa não consegue fazê-lo, como aconteceria num mercado livre de drogas duras.

É sobre esta última parte das nossas sociedades que os vídeos de pessoas comuns de esquerda a reagirem aos resultados eleitorais de 2024, nos EUA, são cristalinos. A família deixa de ser a instituição do afeto para ser da política. A escola deixa de ser do conhecimento também para ser da política. O mesmo com a igreja, literatura/poesia/cinema/música, comunicação social, clube, associações cívicas e as demais instituições – todas passam a ser da política, a viver da e para a política. Nada mais destrutivo do equilíbrio mental dos indivíduos em sociedades complexas.

Nos vídeos vemos pessoas mentalmente fragilizadas que, para conseguirem suportar a sua vida, desesperam para que toda a sua família seja sempre de esquerda. Os amigos têm de ser de esquerda. Os namorados/namoradas e maridos/mulheres têm de ser de esquerda. Ter filhos só num país de esquerda. A educação dos filhos tem de ser de esquerda. A escola e a universidade têm de ser de esquerda. Os noticiários que não são de esquerda são propaganda ou fake. Os bilionários financiadores das campanhas eleitorais da esquerda são altruístas, os outros manipuladores. A democracia e o governo só são legítimos se forem de esquerda. A sociedade tem de ser de esquerda. O mundo tem de ser de esquerda. Por aí adiante.

Não existe melhor autodefinição da pulsão mental totalitária. Indivíduos com tal perfil desenvolvem relações com o meio envolvente irracionais, histéricas, estéreis, intolerantes, destrutivas, patéticas, perigosas para si e para os outros. Caro leitor, reveja ou veja se faz favor os vídeos e salve a sua e a nossa sanidade mental da doença social chamada esquerda.