Como é do conhecimento público a Infanta Maria Francisca Isabel de Bragança, irá casar-se no próximo dia 7 de Outubro. Facto que, e bem, está a deixar muita gente expectante, com grande alegria e outros sentimentos de carinho e apreço, pelos noivos e pela Família Real Portuguesa.

A Família Real Portuguesa, embora não reinante, tem na sociedade portuguesa um papel de representação, discreto mas presente. Reconhecendo-se nesta a História do Povo Português com mais de oito séculos. A Família Real Portuguesa tem consigo toda a nossa História, desde da fundação da Nacionalidade até aos nossos dias.

Na verdade, um Povo para se identificar (na definição política clássica) precisa de um território, uma bandeira, uma língua, um hino e de um chefe. As democracias republicanas trouxeram ao conceito de chefe algo de volátil e passageiro. Facto que fragiliza este mesmo conceito. A chefia com carácter histórico e continuado, ao cair, deixa como que uma “orfandade” do Povo. As monarquias democráticas do Norte da Europa, têm mostrado o valor da continuidade histórica na identidade política e social do Povo onde reinam.

A Família Real Portuguesa, em especial nestes últimos 40 anos (porque durante o Estado Novo foi-lhe negado qualquer papel), tem uma função própria, um lugar na sociedade que as instituições políticas têm reconhecido (salvo raras exceções) e que estamos em crer, muito tem contribuído para a unidade histórica do nosso Povo.

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Este Casamento Real a que iremos assistir é por isso um ato que extravasa a dimensão familiar. Ele tem também, uma dimensão “política” no sentido mais nobre da palavra – isto é, contribui por si mesmo para cimentar a identidade deste Povo e os seus valores.

Não será certamente por acaso que o casamento se realizará no Real Palácio de Mafra, tão ligado aos nossos Reis, desde D. João V e seus sucessores até à partida para o exílio da Família Real.

E, como tudo tem um simbolismo, não sabemos se por coincidência se deliberadamente escolhido, o casamento será no dia 7 de Outubro – dia que a Igreja Católica dedica a Nossa Senhora do Rosário. Devoção a que Portugal sempre esteve ligado e que foi confirmada em Fátima em 1917. Portugal, enquanto país de raízes cristãs, Terra de Santa Maria, está também por isso bem representado neste Casamento Real.

Aliás, diga-se por fim, que a Monarquia e as Famílias Reais têm tido ao longo dos séculos papéis muito variados. Num tempo em que o papel da família é tantas vezes minorado, criando estados de solidão que a ninguém aproveita, fazer valer o instituto do casamento canónico, o papel e valor da família como modelo de vida solidária, é seguramente um facto que não devemos ignorar e que dará frutos em circunstâncias que certamente não medimos, mas intuímos.

Portugal tem e acarinha uma Família Real e irá (de diversas formas) participar neste louvável casamento.