Caros leitores,

Há uma semana que a redação do Observador trabalha em condições como nunca tinha trabalhado. A crise do coronavírus não obrigou apenas a maioria de nós a ter de trabalhar a partir de casa, criou-nos sobretudo o dever acrescido de corresponder à necessidade de informar mais e melhor num tempo de incertezas e medos.

Abrimos toda a nossa cobertura informativa sobre este surto a assinantes e a não assinantes e reorganizámos a redação para garantir que podíamos prestar, no site e na rádio, o melhor serviço aos nossos leitores e aos nossos ouvintes. Estamos a fazê-lo com preocupações de que não nos desviamos, preocupações que são compromissos com os nossos leitores:

  • Informar em cima da hora, sem perda de tempo, ao minuto, mas sem precipitação e com a garantia de que preferimos atrasar uma notícia não confirmada a dar uma notícia errada. Os nossos feeds de notícias ao minuto têm tido entre 250 e 300 entradas por dia, sendo que muitas dessas entradas se transformam depois em notícias mais desenvolvidas;
  • Ter informações de confiança, esclarecedoras e úteis. Sobre todas as matérias, das mais simples às mais técnicas, a preocupação dos nossos jornalistas é fugir da superficialidade, assegurar a fiabilidade das suas fontes, evitar ideias feitas e, se necessário, contrariar mitos correntes;
  • Nunca esquecer que esta é uma pandemia global. Poucas vezes conhecer o que se passa noutros países foi mais importante, pois mostra-nos o que pode vir a passar-se no nosso e ajuda a perceber que erros não devemos cometer;
  • Explicar as decisões dos poderes mas também escrutiná-los. Quando a realidade muda todos os dias, quando todos os dias surgem dúvidas sobre as regras vigentes, temos o dever de as tornar claras, mas também a obrigação de ter sobre elas um olhar exigente;
  • Dar conta de como mudou e continua a mudar a vida dos cidadãos. Não estamos fechados no nosso bunker, temos obrigação de contar o que se passa nos hospitais, nas zonas em regime de quarentena, até nas filas para os supermercados. Criámos espaços para conhecer como é a vida em quarentena;
  • Ouvir as inquietações dos nossos leitores e procurar dar-lhes resposta. Abrimos linhas para que nos fossem colocadas dúvidas e procurámos apoio junto de especialistas, temos acolhido opiniões plurais e dedicado atenção ao esclarecimento das dúvidas mais comuns;
  • Não perder a perspectiva do dia seguinte. A crise económica, que começa a ser a outra face da crise sanitária, tem sido uma das nossas preocupações centrais, com abordagens informativas e prospectivas.
  • Combater a informação falsa. Denunciar as fake news é há muito uma marca do Observador, o primeiro órgão de informação a criar uma secção regular de fact-check. Agora, esse trabalho também é feito em nome da sua saúde.

Estamos a fazer este trabalho com grande entusiasmo e, no caso da equipa da rádio, mantendo as deslocações até aos nossos estúdios. Apesar destas condições excepcionais, em que a maioria de nós só pode juntar-se nos grupos de WhatsApp em que se coordena o trabalho, orgulhamo-nos de não estar a falhar no exigente compromisso que nos autoimpusemos.

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Mas não posso nem devo omitir que estes são tempos difíceis para a comunicação social, que de um dia para o outro viu desaparecer grande parte das suas receitas por cancelamento das campanhas de publicidade. Dependemos por isso, mais do que nunca, dos nossos leitores.

Temos sido, nestes dias, a sua companhia. Se ainda não é nosso assinante, considere que é altura de começar a sê-lo.

José Manuel Fernandes
Publisher do Observador