Pedro Santana Lopes acabou de entregar no Tribunal Constitucional a documentação necessária para a constituição do “Aliança” como partido político.
O nascimento do “Aliança” pode vir a constituir um factor importante para o enriquecimento da democracia Portuguesa.
É que a democracia Portuguesa há muito que é dominada por uma cultura política de esquerda.
Os partidos políticos existentes são maioritariamente de esquerda e por isso têm conseguido mediatizar as agendas políticas em seu favor, muito especialmente no que toca aos chamados temas “fraturantes”.
Se a esquerda, em temos político-culturais, tem conseguido uma enorme visibilidade no espaço público, isso deve-se ao facto de a direita democrática Portuguesa ainda não se ter assumido como tal e, consequentemente, deixando o campo completamente aberto à actuação da esquerda, actuação essa que cada vez mais tem vindo a tornar asfixiante a vivência democrática nas sociedades ocidentais por querer subordinar tudo a uma única linha de pensamento político dito “correcto”.
Uma democracia cujo sistema partidário é dominado por partidos políticos de esquerda e em que à direita a marca é a da ausência, é uma democracia pobre.
É, pois, chegada a altura de a direita democrática Portuguesa “sair do armário”, perdendo de vez o medo de se assumir como tal e enfrentar directamente a esquerda por forma a enterrar a imagem diabolizante que essa mesma esquerda no passado soube criar à sua volta.
A direita democrática Portuguesa tem de gritar bem alto o seu compromisso com o Estado de Direito, com a defesa dos direitos fundamentais, com a defesa da soberania e da identidade cultural do País, com a segurança dos seus cidadãos e com a garantia da economia de mercado e da livre iniciativa privada.
Ao Estado estará reservado o papel (fundamental) de assegurar que todos estes valores não sejam postos em causa por quem quer que seja.
Por isso, cabe à sociedade civil (ainda deficitária em Portugal) desenvolver o País, criando a riqueza necessária para fazer de Portugal uma sociedade feliz, porque sociedades pobres são e serão sempre sociedades tristes e enfadonhas.
Não é o Estado que gera riqueza e emprego, mas sim as empresas privadas enquanto expressão de uma economia de mercado ancorada numa sociedade civil livre.
E sem uma sociedade civil livre não há verdadeira democracia.
Assim, se, ao que tudo parece indicar, a “Aliança” for fiel depositária destes valores, este novo partido político tem potencialidade para poder vir a “federar” a direita democrática Portuguesa – a direita liberal, a direita social-cristã e a própria direita conservadora (por que um verdadeiro conservador não é um reaccionário), num grande projeto político reformador do País.
Podem apontar muitos defeitos a Pedro Santana Lopes, mas há uma virtude que todos terão de lhe reconhecer e que é precisamente a de lutar por aquilo em que acredita.
Mais do que ninguém Santana Lopes reúne neste momento a capacidade para “federar” as direitas democráticas que andam por aí espalhadas e que ainda não tiveram a oportunidade de ver a luz do dia, unindo-as em torno de um projeto reformador nacional.
Se a “Aliança” conseguir ser o rosto da direita democrática Portuguesa, a nossa democracia sairá certamente mais enriquecida e, esperemos, o próprio País.