Agora – que fomos, estamos ou vamos de férias – percebemos que, nos últimos meses, semanas ou dias do ano parlamentar, houve sempre um caso que nos fez ter esperança que o regresso do PSD à liderança da oposição tinha sido prejudicado por esses mesmos casos, mas que estaria para chegar!

A verdade é que acabaram os trabalhos da CPI à TAP (com aquele Relatório Final), foram aprovadas as propostas do Governo para a Habitação, soubemos de novas demissões por suspeitas de ilegalidades, vimos buscas ao Partido e à casa de um seu ex-Presidente, esperamos que a PGR fosse chamada à AR para explicar, pelo menos, as sucessivas violações do segredo de justiça e… do PSD nada!

Poderíamos enumerar aqui os sucessivos e repetidos episódios em que todos esperávamos outra atitude ou reação do PSD, mas do PSD… nada!!!

Tão irrelevante tem sido o Partido no seu todo quanto o tem sido – igualmente – a voz do presidente do seu Grupo Parlamentar, sem jeito e sem capacidade para o cargo!

Por isso vai crescendo o número dos que se questionam sobre o que representa, hoje, o PSD, sobre qual a base ideológica e qual o projeto que tem para Portugal quem hoje ocupa a Sede da S. Caetano?

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O PSD vive, hoje, de lutas intrapartidárias, protagonizadas por especialistas em ganhar eleições internas, sem relevância na sociedade, sem representatividade, sem credibilidade e sem autoridade.

Temos um PSD sem soluções, … sem ser a solução!

Sem dar voz à esperança, renovando-se o dilema de sempre: quando não há um líder natural e carismático – como houve em 79 e em 85 – a direita (ou o centro-direita para não ferir suscetibilidades social-democratas mais sensíveis) não consegue gerar uma solução empolgante e vencedora!

Já o disse, mas importa repeti-lo: enquanto este “espaço político” não conseguir fazer coincidir, nas sondagens, a ideia da opção política (o voto no PSD) com a ideia da perceção do resultado (a vitória eleitoral), estaremos condenados a não sermos alternativa!

Mas o PSD – de sempre e como sempre – precisa de uma liderança carismática, preparada e que saiba ao que vai e para onde vai… sem ceder um milímetro nesta guerra sem quartel contra um Governo que vai usar cada euro excedentário do erário público para todas as campanhas eleitorais… até às próximas legislativas. Aconteçam elas quando acontecerem!

Precisa de um líder eticamente irrepreensível, sem fragilidades, coerente nos princípios, solidário com os seus, implacável no que toca a juízos morais… desde que em processos que não sejam encomendados por quem mais precisa de ser julgado à luz desses mesmos princípios, capaz de reagir no momento certo e não quase sempre tarde, que surpreenda os portugueses por se identificar com o que eles pensam e não para dizer o óbvio!

Uma liderança preocupada em ganhar o País e não o próximo Congresso, renunciando ao já velho e ultrapassado festim de votos, arregimentados por clientelas partidárias feitas de cacicagem e de conveniência, num processo de degradação e autismo crescentes face à realidade social, totalmente desligados de quem, com valor, se recusa a participar na vida partidária nessas condições!

Um líder que não se preocupe em tentar agradar a todos os que julga serem importantes, que tenha plena e total autonomia face aos interesses que vai ter de enfrentar… para que ainda consigamos ir a tempo de não perdermos mais umas eleições e, com elas, mais uma geração!

Uma liderança que não resuma o seu projeto ao “vocês já estiveram aí muito tempo, agora é a nossa vez”!!!

Uma liderança com ideias muito claras e de fácil perceção para os portugueses.

Que se comprometa a – ganhando eleições e assumindo a chefia do Governo, sozinhos ou em coligação, sem limites a alianças, impostos pelos partidos da esquerda, democrática ou amante da ditadura do proletariado, em qualquer das suas versões – concretizar mudanças essenciais para o futuro de Portugal, que passarão por:

  1. Revisão constitucional com especial incidência na reforma do sistema eleitoral (com diminuição do número de deputados) e da interação entre órgãos de soberania, aumentando o papel fiscalizador do Parlamento, com participação na nomeação de titulares de cargos relevantes na estrutura do Estado;
  2. Reforma profunda do sistema de justiça e dos estatutos dos diferentes corpos de magistrados e órgãos de cúpula dos mesmos, incluindo a imposição de regras claras, simples e temporalmente vinculadas a todos, com a preocupação especial de um verdadeiro combate à corrupção;
  3. Reforma do sistema fiscal com diminuição da carga fiscal, muito especialmente para os que mais trabalham e menos recebem, que incentive o aumento de produtividade a par de uma verdadeira redução dos gastos nos diferentes níveis da Administração Pública;
  4. Consagração de um maior envolvimento na garantia do SNS e do sistema de Segurança Social, trocando a sustentação de grupos de interesses e de clientelas partidárias pela ajuda a quem precisa de apoio na doença, na velhice e em situações de especial precariedade;
  5. Aposta na juventude, em termos efetivos;
  6. Compromisso de um entendimento estratégico para fixação das regras da política de Educação para a próxima década, com o envolvimento de todas as partes envolvidas;
  7. Celebração de acordos estratégicos para a construção do novo aeroporto de Lisboa, para a ligação à rede europeia ferroviária de alta velocidade e para conclusão da rede viária já iniciada;
  8. Reafirmação do papel de Portugal no mundo, com um pensamento estratégico próprio e o reforço do nosso posicionamento atlântico;
  9. Cumprimento dos níveis de investimento na Defesa, assumidos no quadro dos nossos vínculos internacionais;
  10. Investimento sério no respeito pelas forças de segurança e no respetivo equipamento e no aumento do investimento na área da proteção civil e dos acidentes naturais, incluindo o combate aos incêndios.

É sabido que as instituições também envelhecem e morrem e que os Partidos tendem a não ultrapassar muito o tempo de vida dos seus líderes fundadores.

Francisco Sá Carneiro desapareceu, de forma trágica, 6 anos depois do 25 de Abril e só o carisma de Cavaco Silva prolongou o tempo de vida de um Partido que todos os outros achavam estar a mais no sistema partidário português.

O poder autárquico tem vindo a conter a erosão de sucessivos erros de liderança social democrata.

Mas convém não abusar… sob pena de cada Congresso, com os tais votos controlados, ser um passo enorme para o fim do PSD.

Depois… não digam que ninguém avisou!!!