São sete os Emiratos Árabes Unidos. De Lisboa, o acesso mais fácil é pelo Dubai, sete horas e meia em avião de qualidade da Emirates, bem conhecida dos portugueses, que visitam em grande número este Emirado. Além do Abu Dhabi, vale também a pena dar um salto ao Qatar, apenas a uma hora de voo dali.
O sentimento que se encontra naquelas paragens entre as populações autóctones, e sem o ser (imigrantes entre 85 a 90% do total), é o de segurança, confiança e esperança.
Liberdade? Isso, tal como democracia, é ar muito condicionado. “It is the culture, stupid”, diria um red neck americano… E estas linhas não podem ser lidas sem ter em conta a especificidade daquelas culturas que, para nós, portugueses, estão a uma distância astral, nas vertentes social, religiosa e política. Além disso, são terras viradas para um futuro acelerado.
Sendo uma cultura tão diferente da nossa, os portugueses parece gostarem de lá viver, apesar dos 45/50º de temperatura no verão. Ali medram economias e tecnologias muito avançadas e sofisticadas, às quais o nosso pobre rectângulo passa ao lado, nada do que é substancial nessas matérias é aqui notícia, apesar de os case studies de gestão empresarial e social serem mais que abundantes. Mas, liberdades e direitos fundamentais, ah isso…
O petróleo e o gás natural, o génio das famílias reinantes e seus associados, o construir das suas colossais fortunas e uma política de imigração muito generosa, transformaram os desertos de areias escaldantes num centro de atracção irresistível, para onde centenas de milhares de estrangeiros vão trabalhar.
Actualmente, desde a simples mão de obra não qualificada, a quadros muito bem preparados, entre os quais se encontram numerosos portugueses, os que escolhem aquelas zonas para viver e trabalhar, descobrem condições de remuneração bem superiores às que obtêm nas duas centenas de países de onde são originários, tudo sendo isento de impostos.
A última vez que estive no Dubai foi em 2008. Tinha pouco mais de um milhão de habitantes. Existiam então duas referências de grande visibilidade, o Hotel Burj Al Arab Jumeirah, e um shopping, o Mall of Emirates, hoje menos na moda, onde se situa um colossal espaço com pistas de ski de neve, onde o snowboard é também muito popular. O exótico era, e é ainda, nessa zona, completado por uns canais ao longo de outro hotel Jumeirah, com gôndolas motorizadas para estarrecidos turistas, restaurantes na margem, e um souk para inglês ver.
Hoje o Dubai tem centenas de outras “vistas”, uma cidade onde os arquitectos mais famosos da terra fizeram o gosto ao dedo nos últimos 16 anos.
O hotel ufanava-se por ter sete estrelas. Para o promover, contrataram Tiger Woods para aparecer num video clip a exibir as suas então imbatíveis habilidades golfísticas, no topo do edifício (onde pousam os helicópteros), cuja arquitectura de Tom Wright é digna de um Pritzker. O Hotel Burj Al Arab Jumeirah tem 321 metros de altura (12 mais do que o Shard em Londres). É uma espécie de mundo Nodi, decorado por Khuan Chew, mulher que empresta aos opulentos interiores cores muito excessivas (azul ferrete, encarnado, verde, etc) e materiais com dourados mais do que suficientes para fazer Donald Trump feliz. É uma verdadeira atração reservada exclusivamente a adultos muito abonados, do tipo que, ao pagar, nem olha para a conta que lhes é apresentada. Apenas tem grandes suites de dois pisos, decoradas com materiais de elevada qualidade, tudo num excesso, desde o espaço disponibilizado, com imponente escadaria de mármore espessamente atapetada (com cores fortes) para o piso superior, onde está o quarto de dormir, a que nem falta um enorme espelho por cima da cama, de moldura, obviamente, em dourado forte. Entre os vários restaurantes, vale a pena visitar o que se encontra na área da recepção, pois as mesas rodeiam um aquário de grandes dimensões povoado por raias, tubarões etc, emprestando a sensação de ser submarino. Este é o Al Mahara, existindo no Dubai mais três do mesmo tipo subaquático.
O shopping mais IN é agora o Dubai Mall, que no interior tem um grupo escultural de grande qualidade, intitulado The Water Fall, A Queda de Água. Tendo por fundo uma cascata imparável com a música refrescante da água a cair, sobrepõe-se-lhe, na vertical, um sem número de esculturas masculinas em posição mergulho vindo de grande altura. Acresce quantidade de atrações, num espaço em que o retalho ocupa 502.000 metros quadrados.
Naquele ano de 2008, a maior parte do que agora se vê, estava por fazer. Nessa altura, foi-me circunstanciadamente relatado um plano económico revolucionário, uma vez que as reservas petrolíferas estavam exauridas, hoje representando apenas 1% das receitas do Dubai. O plano previa a criação de hubs marítimo, aéreo e financeiro, e a construção de dois Palms, urbanizações erguidas sobre milhões de toneladas de areia extraídas do mar. O hub marítimo ainda não conseguiu alcançar a meta, o segundo Palm é, por enquanto, só areia. O êxito do hub financeiro está à vista, e o aéreo é de estarrecer, é o segundo aeroporto do mundo com maior número de passageiros/ano (mais de 60 milhões) , o primeiro é em Atlanta, nos EUA, o terceiro em Tokyo, e o quarto é Heathrow. Dos que passam, há 18 milhões de pessoas que ficam pelo menos duas noites no Dubai, daí a multiplicidade de hotéis, mais de 800, grande parte de alto luxo.
Este escancarar esfomeado ao futuro e ao planeamento inovador, está exemplificado na expressão Museu, que normalmente se refere ao passado: No Dubai é o futuro que interessa. Ali, o Museu do Futuro, inaugurado em 2022, exemplifica esta ambição. No interior, podem-se observar as especificações de uma estação espacial, a preocupação pela ecologia, biodiversidade e conservação das espécies, a busca pela tecnologia de ponta exemplificada em ousados veículos terrestres e aéreos, robots, etc, com uma área pedagógica e interactiva para crianças. O edifício, de um atrevimento arquitectónico que, do exterior, não deixa advinhar o enorme espaço interior, é mais uma das obras primas de arquitectura que por ali se encontram.
A “península” artificial The Palm Jumeirah em 2008 apresentava-se já com o formato final, mas era quase tudo areia, com pouca coisa construída. Em 2024 apenas tem meia dúzia de terrenos vagos. É uma península artificial em forma de palmeira, com um tronco central e dezoito “ramos”, com numerosos hotéis e restaurantes, sendo habitada por cerca de 80.000 pessoas, em 4.000 casas, com pouco terreno à volta, mas todas com praia em frente. Uma das residências maiores foi vendida a um indiano por US$163 milhões. Um monorail cruza o tronco central em mais de cinco quilómetros. Nas horas de ponta, sair ou entrar numa casa do The Palm de carro para pode demorar 45 minutos a uma hora.
Os principais centros urbanos do Dubai, onde habitam, trabalham e circulam os seus cerca de 4 milhões de habitantes, são o Distrito Financeiro onde se ergue o edifício de maior visibilidade que é, naturalmente, o Burj Khalifa, com 828 metros de altura e 163 pisos, o mais alto do mundo, assinado pelo arquitecto Adrian Smith e o engenheiro civil especializado em estrututras William F. Baker, ambos de Chicago. Tem um restaurante, o Atmosphere, no andar 122, de onde se pode desfrutar uma vista circular do Dubai, observando-se a cidade efervescente, tendo ao fundo o deserto, por um lado, e o mar, por outro, e já se podendo enxergar vastas zonas verdes que, tal como tudo o resto, são irrigadas com agua dessalinizada.
Além deste, há mais cinco centros urbanos que, com a excepção da cidade velha, onde se encontra um dos maiores centros comercias do mundo, exclusivamente destinado a vender peças de ouro, e onde habita uma parte da mão de obra menos qualificada. Os outros, estão dotados de edifícios imponentes, de grande equilíbrio arquitectónico ao sabor ocidental, alguns já a entrar bem pelo deserto. A orla marítima tem cerca de 70 quilómetros dos quais 35 são urbans. Os outros 35 quilómetros são ocupados por indústrias de todo o tipo, nomeadamente a de dessalinização da água do mar, logística/armazéns, centrais energéticas solares e a gás natural, etc.
Mas o interessante é que toda a máquina é accionada por apenas 500.000 “dubaienses”, e 3,5 milhões de imigrantes, 38% de origem indiana, existindo cerca de 800 propriedades de portugueses. O visa para trabalhar no Dubai tem em média três anos, renovável, o empregador assumindo a responsabilidade do imigrado, que beneficia de salários elevados e cuidados médicos muito baratos. A idade limite para um imigrante permanecer no Dubai é de 65 anos, não existindo segurança social nem reforma, tendo o trabalhador de fazer o seu próprio plano pessoal de poupança para assegurar a velhice. Quase todos remetem essas poupanças para os países de origem. Há um sem número de exemplos de imigrantes com ambição e talento, que tiveram grande êxito empresarial, muitos transformando-se em milionários, designadamente na área da tecnologia.
O índice de qualidade de vida é muito alto. Mas o imigrante tem de estar disposto a conviver com temperaturas que podem ascender aos 50º em Julho e Agosto… O poder de compra médio é elevado, tal como o clima de segurança (quase não há crime, a lei sharia é implacável), mas o preço de compra de habitação é substancial nas zonas de eleição.
Já sem petróleo, o Dubai conseguiu, em poucos anos, transformar a areia escaldante em ouro, um milagre económico, um genuíno case study.
Os ricaços abundam, à semana circulando em bons topo de gama e, ao fim de semana, arejando dezenas de Bugattis, Ferraris, Bentleys, Rolls, etc. As mulheres ocidentais podem circular deixando visíveis as suas belezas, só sendo incomodadas se forem assim para as áreas onde os trabalhadores não qualificados habitam e praticam a religião islâmica.
O pragmatismo do Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, primeiro-ministro e número dois do reino dos Emiratos Árabes Unidos, é transparente. Mas a linha que separa a riqueza da família Al Maktoum e a dos sete emiratos, incluindo o do Dubai, é pouco clara, ele é o senhor absoluto do Dubai, a democracia ocidental é um modelo aqui desconhecido. Tem uma forte influência inglesa, com formação militar na Mons Officer Cadet Scholl, em Aldershot, escola depois integrada em Sandhurst. Foi o melhor de sempre naquela escola. Treinou também como piloto de avião em Itália. A holding da família é proprietária do The Palm e de um incontável número de grandes imóveis e outros activos. Uma das suas empresas organizou com sucesso duas idas de veículos ao espaço (Marte e Lua). As suas iniciativas na cultura, no desporto (cavalos de alta competição), na ciência, na tecnologia, no imobiliário, na solidariedade (apoia mais cerca de 130 milhões de pessoas em 116 países, com 280 parceiros estratégicos de grande dimensão), são sem fim.
Perto, a hora e meia de automóvel do Dubai, o Abu Dhabi é uma loiça diferente. Apesar de bem mais pequeno do que o Emirato vizinho – e custo de vida mais baixo, serve de dormitório a muitos expatriados no Dubai — é ali a capital dos Emiratos Árabes Unidos. Entre os sete, este possui 96% dos 100 biliões de barris de reservas de petróleo, número seis no mundo. O skyline é parecido com outros territórios da zona, tem uma Mesquita colossal que é um dever visitar, interessando perceber, aqui e no Qatar, a abordagem à cultura, tema que não é fácil
São controversas e diferentes as opiniões sobre a razão que levou o Abu-Dhabi a celebrar em 2006 um acordo com o Governo francês para construir o Louvre Abu Dhabi, mas os benefícios para o Museu do Louvre e para o Estado Francês devem ter sido suficientes para todos acabarem por concordar. O Abu Dhabi pagou €400 milhões para o uso do nome Louvre, €190 milhões pelas obras de arte cedidas pelo museu parisiense (este preço a pagar até 2027), €75 milhões para exposições especiais (acordo a terminar em 2032), €165 milhões para gestão (por prazo que desconheço), e €25 milhões para ter um espaço no Louvre de Paris com o nome do fundador dos Emiratos Zayed bin Sultan Al Nahyan, num total de cerca €1.000 milhões.
Foi inaugurado em 2016, projectado na prancheta do arquitecto Jean Nouvel, que levou a cabo uma obra admirável. O espaço nada tem a ver com os museus tradicionais mais antigos, atulhados de obras, que deixam o visitante exausto ao fim de pouco tempo. Aqui trata-se de uma viagem arejada através de peças em exposição de excepcional valor, que cobrem milhares de anos com notáveis exemplos da criação artística do ser humano, desde 1.500 AC, até à contemporaneidade. Não há quantidade, mas qualidade. Contemplam-se peças egípcias, chinesas, gregas, romanas, riquíssimos exemplares de pintura e escultura no domínio da arte sacra cristã, hindú, budista, islâmica, que incluem um S. João Baptista de Leonardo da Vinci. Depois chega a Manet, Gauguin, Mondrian, Paul Klee, Picasso, Magritte, Giuseppe Penone, etc, etc. O museu do Louvre de Abu Dhabi permite um périplo de séculos por uma vasta colecção de formidável expressão artística e qualidade pedagógica.
No Abu Dhabi, uma terra bem mais tranquila do que o Dubai, não se pode deixar de visitar a Grande Mesquita Sheikh Zayed, da autoria do arquitecto sírio Youssef Abdelke, inaugurada em 2007, cujo custo de construção foi de cerca de €500 milhões, sendo visitada anualmente por cerca de 2,4 milhões de pessoas, das quais cerca de 900.000 vão praticar a Fé Muçulmana. Está no Guiness Book of Records por ter o maior tapete do mundo feito à mão, com cerca de 5.700 m2. A visita começa por um shopping, num corredor que se prolonga por cerca de 3.000 metros que, depois de ser percorrido, encontra filas, o que pode totalizar um tempo de 45 minutos a uma hora para entrar no páteo da esplendorosa Mesquita e a visitar. É em grande parte construída em mármore de beleza estonteante.
Ainda na zona, vale a pena apanhar um voo para o Qatar (uma hora). Aqui o rigor islâmico é mais visível. Num almoço no Restaurante Cipriani, encontram-se escassos turistas, mas cerca de duas centenas da Qataris. Eles, imaculadamente vestidos de branco (ghutrah or keffiye), elas totalmente de preto, usando a tradicional abaya. Homens, numas mesas, mulheres, noutras, para depois escolherem de um menu em tudo semelhante ao do Cipriani em Nova York, incluindo o gelado de baunilha feito ao momento.
Dos cerca de 2,7 milhões de habitantes (80% habitando em Doha, a capital), cerca de 10% são qataris, os outros são emigrantes. Possuindo 15% das reservas de gás natural do mundo, este Estado independente vive numa monarquia hereditária, tendo sido um protectorado britânico de 1916 a 1971, de que não se notam referências.
Quanto a Portugal, sim, há. Se regressamos ao tema da cultura, ninguém pode ignorar o Museu Nacional do Qatar, um projecto de assombrosa modernidade e arrojo assinado pelo arquitecto Jean Nouvel, o francês também autor do Louvre de Abu Dhabi. O museu contém uma iconografia da breve história do Estado do Qatar, e de um sem número de objectos relativos aos séculos em que este povo circulava em camelos, constituindo grupos de tribos.
Notável é conseguir, numa sucessão de espaços extraordinariamente bem concebidos, construir uma narrativa muito vistosa e chamativa, referente a uma história e a um número de obras museológicas relativamente modesto. Sobressai, para nós, a muito visível a presença portuguesa naquela zona, entre meados do século XVI e XVII, designadamente um modelo de caravela muito bem feito, e cinco pequenos painéis em inglês e árabe descrevendo os vários períodos da saga, história e influência portuguesas naquelas terras, de 1507 a 1650, cerca de 150 anos.
Segundo o FMI, desde 2016 o Qatar tem o quarto maior PIB per capita do mundo, resultado do petróleo e gás natural, claro, e também muito devendo à imigração, que representa 94% dos que trabalham sem pagar quaisquer impostos. Têm casa muito acessível e um sistema de saúde dos mais avançados do mundo. O poder quer proceder a uma “qatarização”, com um plano que está a conseguir fazer regressar muitos qataris altamente qualificados a trabalhar ou estudar nos principais países do Ocidente.
Apesar de o último Campeonato Mundial de Futebol ali realizado ter dado grande visibilidade a este Estado, passou despercebida na imprensa ocidental, a vitória do Qatar na Taça Asiática, na final, por 3-1 contra a Jordânia, no dia 10 de Fevereiro de 2024. Também tem trazido o Qatar à primeira linha da ribalta a mediação em diversos conflitos abertos no Oriente Médio, a que acresce o dinamismo de uma economia, bem à vista nos edifícios de traço arquitectónico ocidental que se vão multiplicando como cogumelos.
A família real Al Thani, do Qatar, tem prestado particular atenção à arte e cultura. Como sucede noutros territórios, a fronteira entre a fortuna pessoal do Emir e a do Estado é ténue, pelo que os recursos financeiros da família real Al Thani são colossais, à volta de US$335 biliões. Recorde-se que são donos do Paris Saint Germain, detendo o FC Malaga em Espanha e 21% da SAD do Sporting Club de Braga. Em Londres, além do Harrods, são também proprietários dos afamados hotéis Claridge’s, The Berkeley e The Connaught, em Nova York do Empire State Building, etc, etc.
O Katara, com 124 metros, é um mega-iate que custou US$400 milhões, aloja 30 passageiros e 90 tripulantes. Possuem uma companhia aérea para uso privado da família real, (cerca de 8.000 pessoas), a Qatar Amiri Flight, com 14 aeronaves, entre as quais se destacam três Jumbo Boeing 747, um Airbus 340-300, preços de cada um variando entre os US$400 e os US$ 100 milhões. São excessos que deixam o cidadão comum desconfortável.
Sendo a arte a grande paixão da família real qatari, a questão “desconforto” fica algo amortizada. Por um lado, em 2011 compraram um Cézanne por US$250 milhões, O Hotel de La Marine, do tempo do Rei Luís XV, situado na Place de la Concorde em Paris, reúne uma das coleções de arte privadas mais prestigiadas do mundo, a da família Al Thani, numa concessão por 20 anos que, segundo o jornal Le Monde, custou aos qataris US$23 milhões, a que acresceram as obras de renovação do Palácio, que é um must para quem visite Paris, pois representa um modelo expositivo do século XXI, muito bem pensado. Parte da colecção de arte dos Al Tani pode vir a viajar pelos principais museus do mundo, nomeadamente o Hermitage em S. Petersburgo, e a Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Estes territórios têm linhas de referência social e política para nós pouco compreensíveis. Não fazendo qualquer juízo sobre sistemas que nos podem chocar, vale a pena procurar respeitar aquelas culturas com gente que, em algumas décadas, passou de andar de camelo e viver em tendas no deserto, a utilizar como meio de transporte os Bugatti e os Rolls Royce, e habitar palácios sumptuosos forrados a mármore. Não sendo fácil esquecer o desperdício, a sumptuosidade e o excesso daquelas zonas, de que aqui damos alguns exemplos, merece a pena tentar perceber e ir buscar a inteligência com que a maioria do que lá está foi, e está a ser, feito.
Com o pano de fundo do Museu de Arte Islâmica (do famoso arquitecto chinês I. M. Pei, o mesmo da Pirâmide do Louvre em Paris) a marcar a cultura da terra, ilumina-se uma farol ocidental de grande potência, se se tiver em conta a vasta área da Cidade Universitária (denominada Education City). Ali se situa uma moderníssima e vasta Biblioteca (edifício assinado por Rem Koolhaas, famosíssimo arquitecto pós-moderno holandês, com projectos que respeitam as culturas onde implanta o seu traço), cuja estrutura exterior convida a entrar, e depois a lá ficar, dado o conforto e a facilidade física e técnica de acesso aos livros e às dezenas de computadores de consulta lá instalados.
Na Education City estão, além de várias Universidades qatari, uma outra série de edifícios de arquitectura ocidental de topo, que alojam, em cada um, Universidades de grande prestígio, como as do Texas, Virginia, Georgetown, Carnegie Mellon, Arkansas, Cornell, Calgary, Aberdeen, University College London, Northumbria, École des Hautes Études Commerciales de Paris, etc, etc.
Ali, de facto, a luz está bem acesa!