Vacinar consiste na administração de um vírus ou de uma bactéria atenuados ou inativados (mortos), ou de apenas um fragmento destes, que não são capazes de provocar a doença. Trata-se de um antigénio que é reconhecido como um corpo estranho pelo sistema imunitário que, por isso, produz anticorpos de defesa. Se, no futuro, a pessoa entrar em contacto com o verdadeiro vírus ou bactéria causadores de doença, o sistema imunitário tem memória deles. Isso permitir-lhe-á produzir os anticorpos adequados e ativar as células imunitárias necessárias para matar o vírus ou a bactéria, protegendo a pessoa da doença.

As doenças infeciosas eram a principal causa de morte na infância antes da introdução da vacinação de rotina nas crianças. A primeira vacina a ser inoculada foi contra a varíola, em 1798, descoberta por Edward Jenner, surgindo com ela o conceito de prevenção de doenças. E haverá melhor conceito em Saúde?

Em Portugal, o Plano Nacional de Vacinação (PNV) foi introduzido em 1965, protegendo nessa altura apenas contra seis doenças:  poliomielite, tosse convulsa, difteria, tétano, tuberculose e varíola. Atualmente, contempla mais vacinas, contra o sarampo, a rubéola, parotidite, hepatite B, meningite (pneumocócica, meningocócica B e C, por Haemophilus influenza tipo b)  e Virus Papiloma Humano (HPV).  Antes do início do PNV já se administravam vacinas a um número diminuto de pessoas que, por isso, tinham menos efeitos benéficos.

Além das vacinas incluídas no PNV, existem outras que são recomendadas pelos médicos: contra a gripe (apenas para grupos de risco), tosse convulsa (para grávidas), meningococo serogrupos A,C, W-135,Y, varicela, rotavírus e, mais recentemente, a vacina contra a Covid-19. Também quem viaja para áreas de risco deve fazer previamente uma consulta de viajante, onde lhe são prescritas as vacinas adequadas, de acordo com a área a que se deslocam, por exemplo, a vacina da febre amarela, hepatite A, febre tifóide ou encefalite japonesa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apenas a vacina contra a tuberculose (BCG), deixou de integrar o PNV desde 2017, porque, em Portugal, se verifica uma baixa taxa de incidência da doença, sendo neste momento apenas administrada a crianças pertencentes a grupos de risco.

Devido à vacinação, uma das doenças infeciosas mais mortífera e incapacitante, a varíola, foi considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980. No entanto, os outros microrganismos responsáveis pelas doenças evitáveis pela vacinação continuam a existir na comunidade, sendo uma ameaça à saúde de todos. Para se conseguir controlar uma doença, é necessário que uma grande proporção de pessoas esteja vacinada. Cada pessoa não vacinada corre o risco de adoecer e aumenta o risco de transmitir a doença na comunidade.

A vacinação protege a nível individual, uma vez que o sistema imunitário de quem é vacinado, quando entra em contacto com o agente infecioso, reconhece-o e luta contra ele – e, deste modo, a pessoa não fica doente. Protege também a população, já que permite minimizar o impacto da doença na comunidade se uma grande proporção da população estiver vacinada.

Na atualidade, nos países desenvolvidos, devido à elevada cobertura vacinal das populações, já não se assiste aos milhares de mortes de crianças e adultos provocadas por doenças evitáveis pela vacinação, tais como varíola, poliomielite, difteria ou sarampo. Desta forma, como as pessoas já não assistem aos problemas provocados por estas doenças, podem ter tendência para desvalorizar a vacinação e, até mesmo, ter receio das vacinas, com o surgimento de movimentos antivacinas ou, mais recente, com o receio de se deslocarem a unidades de saúde devido ao contexto de pandemia (aqui não posso deixar de fazer este parêntesis: importa saber que as unidades de saúde têm circuitos e protocolos aplicados para a segurança de todos, pelo que adiar a vacinação por receio da Covid não faz sentido).

Não podemos comprometer a eficácia da vacinação. É preciso continuar a cumprir os Planos Nacionais de Vacinação com a maior percentagem de população vacinada possível, sem o que, assistiremos ao descontrolo e a um aumento do número de casos das doenças mortais e incapacitantes.

As vacinas salvam vidas e são uma história de sucesso no combate às doenças infeciosas. Não tenha dúvidas, as vacinas já salvaram e continuam a salvar vidas, muitas vidas.