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Crónica

Natureza

Um beijo sobre o mundo – modo de usar

O pulsar do mundo é a sua fragilidade. Sem ela o universo continuaria a existir, o mundo não. Assumir a fragilidade do mundo significa aceitar dimensões da nossa condição que não são fáceis de admitir
Crónica

Dois Novembros e um Dezembro

Há poucas personalidades na nossa sociedade que inspirem o respeito e reconhecimento que Eanes grangeou. Na sua postura determinada, educada e sóbria marca a democracia como uma das figuras cimeiras.
Comportamento

O narcisismo viral

Há um narcisismo que pulula por aí duma forma que se impõe devagarinho. Mas que é insistente e pegajosa. A ponto de o acarinharmos só para que não se assanhe quando, irreflectidamente, o desmascaramos
Crónica

Natal, festa anti-progressista e anti-conservadora

Para que o Natal surta o seu efeito mais desejável, pelo menos na perspectiva de fé que lhe está originalmente ligada, não deve envergonhar-se de uma espécie de lema em que a tradição transforma.
Livros

Vinte anos dentro da bola de afecto

Portugal é país de velhos primos de infância. O passado é tudo o que temos. “Nada acontece, nada se inscreve” e o Salazarismo foi escola que nos ensinou a permanecer miúdos, “adultos infantilizados”.
Cinema

Canção para um filme inacabado

No cinema os planos acolhem uma miríade de sinais que nos guiam nos trilhos infinitos do enredo, toldando-lhe o desejo, o alvedrio. O realizador impõe a sua utopia e as imagens mapeiam o inconsciente.
Crónica

Sete princípios para um vudu eficaz

O vudista odeia Cristo pois rouba às pessoas a integridade de serem carne e osso e alma para caberem nas nossas mãos. Jesus é Deus tornando-se carne e osso além da sua identidade que já era espiritual
Crónica

Eros, Psique e a explicação dos pássaros

Eis o amor: perguntar-nos porque é que aquele pássaro nos escolheu para ficar no mundo; e, caso tenha partido, onde estará e porque não volta. Nenhuma destas perguntas tem resposta.
Crónica

O princípio da varanda deslizante

Nas tiranias a primeira queda de uma varanda é “acidental”, a segunda é “inevitável”, a terceira “inocente”, até que viver seja aceitar que qualquer um pode ser “acidentalmente” removido.
Crónica

O infortúnio de ser estrela portuguesa

Não ser bem sucedido em Portugal é parecido com não ser bem sucedido fora de Portugal. Ter sucesso em Portugal é que não tem nada a ver com ter sucesso em países maiores.
Crónica

Centauros e os pés de Pasolini

Fez-se do corpo um mero instrumento de prazer e, vivendo nós neste mundo raso e pobre, qual o mal de buscar cada qual no corpo do outro aquilo que lhe dá prazer sem aspirar a nada mais?
Crónica

Herdei demasiadas coisas do patriarcado

É tudo herança do patriarcado, é tudo reflexo de um trauma permanente que não nos larga e que só insiste em estereótipos, mesmo dizendo que os quer combater.
Religião

Precisar de ir à igreja

É triste quando os que aflitos chegaram à igreja enxugam eficazmente as suas lágrimas. Para mim, não há nada mais triste.
Crónica

A sabedoria e as baleias

Não há nada a descobrir por trás da Baleia Branca: o seu significado aterrador é exactamente o de representar um vazio, um nada, uma força bruta ou talvez algo de incognoscível, o que vai dar ao mesmo
Crónica

A burrice de ser invejoso

A nossa tendência é fazer a dicotomia entre inteligência de um lado, e ignorância do outro. Mapeamos estas questões na cabeça e não no coração. Mas não é assim que a Bíblia aqui o faz.
Crónica

Haydn, Xenofonte e a estética dos começos

Ser feliz não significa não experimentar agruras, contratempos, dissabores, frustrações. Felicidade é a energia da ação, a alegria do fazer, o desejo de mudar, o júbilo de estarmos vivos, logo férteis
Comportamento

A geração dos esbaforidos

Aceitar o tempo marca a diferença entre morrer depressa ou devagar. Eu acho que sim. Mas dar esperança ao tempo, talvez faça com que se chegue à vida antes de a sentirmos a chegar.
Crónica

Primeiro sinal de frio

Desde 2010 que entro no mar durante o ano todo. São no Inverno entradas com saídas imediatas, é certo, mas penso que provam que nós, portugueses, continuamos pouco atentos ao melhor que temos.
Crónica

Kafka, bonecas e o princípio da incerteza

Muitos anos depois, a menina encontrou uma carta dentro da boneca. Na minúscula carta assinada por Kafka estava escrito: «Tudo o que amas perder-se-á, talvez. No fim, o amor regressará. Transformado».
Crónica

A amizade

Vejo a gargalhada da amiga nova em minha casa, como mandava a cabeça para trás, como estava feliz por estarmos juntas, liberdade é talvez esquecermo-nos de almoçar.
Religião

A Igreja mete mais medo do que o Mundo

O mundo deixa de meter medo e passa a Igreja a fazê-lo. Ir à Igreja ao Domingo de manhã é muito, mas muito mais perigosamente emocionante do que ir a um concerto ao Sábado à noite.
Crónica

Espinosa, Haydn e os vidros embaciados

A linguagem do amor organiza-se em torno de corpos que, sem trégua, inspiram e expiram. Que “agonizam”. Quando emitem sons os amantes dividem a respiração em duas metades nunca completamente distintas
Crónica

O direito ao prazer

Conheci mais do que um escritor que foge de livrarias. Agora, são também os vivos que afligem, o mar de livros, a pergunta teimosa: para quê escrever, se já existe tudo isto?
Crónica

Ter medo do mundo

São os inimigos aqueles que temos de encarar ainda mais do que os amigos. Os amigos vivem geralmente ao nosso lado. Os inimigos devem ser olhados de frente.
Crónica

Ulisses e a escuridão de Tirésias

Pensar é, na verdade, farejar aquela coisa nova que surge no ar que nos circunda. Significa intuir bem para lá dos farrapos, bem para lá dos rostos manchados de negro, no seio da falsa aparência.
Crónica

Uma certa desprevenção  

Espanta a longevidade do “Estão lá” de Velho da Costa, à medida que vamos caminhando para uma nova era do estigma a respeito das doenças mentais: a  democratização da sua aceitação.
Crónica

Viver no passado

Até o futuro é preferível ao presente. Quero deixar expressamente claro que não sou uma pessoa de futuro e chego a ter algumas dificuldades com quem assim é. Mas até o futuro é preferível ao presente.
Crónica

Eneias, Dante e as escadas de Florença

Sentados na praia aguardando o cadáver alheio é mais do que legítimo concedermo-nos o luxo de, entre Heitor e Aquiles, escolher o lado que mais nos agrada ou navegar pelo menu das aventuras de Ulisses
Crónica

Florir em Dezembro

Existe também, para cada pessoa, a sua situação poética, que se prende com o que vamos fazendo de nós, à medida que o tempo vai passando. É a parte ínfima da vida em que nos vamos criando.
Crónica

A coisa mais próxima da vida

À vida, feita de partidas e chegadas, e que se arrisca a ficar resumida em “meras aventuras no vazio”, a ficção mostrou que a ressurreição era uma forma de “atenção considerável ao pormenor”.

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