Pedro Passos Coelho candidatou-se quatro vezes à liderança do PSD. O ano em que gastou mais na campanha interna foi aquele em que foi eleito presidente pela primeira vez: 121 mil euros, em 2010. Da última vez, já primeiro-ministro, bastaram 4 mil euros.

Numa altura em que o PS está em pré-campanha para as primárias que vão dizer quem será o candidato do partido a primeiro-ministro, a questão do dinheiro que é empregue em campanhas internas volta a estar na ordem do dia.

De acordo com o regulamento do PS para as primárias, os dois candidatos (António José Seguro e António Costa) receberão 150 mil euros do partido para gastar. Seguro orçamentou em 165 mil euros o valor que pretende empregar ao todo e Costa 163 mil euros. A diferença será conseguida através de donativos.

Nas eleições de 2008, Pedro Passos Coelho gastou 62,5 mil euros e perdeu para Manuela Ferreira Leite. Nas eleições de 2010, foi eleito pela primeira vez, derrotando José Pedro Aguiar-Branco, Paulo Rangel e Castanheira Barros. Gastou 121,78 mil euros. Nas duas reeleições seguintes, Passos já era primeiro-ministro e não teve adversários e precisou de menos dinheiro. Este ano, para as eleições de janeiro, gastou apenas 4.122 euros, segundo dados fornecidos ao Observador pela direção do PSD. Os dados relativos à campanha de 2012, em que também não teve adversários, não foram revelados.

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Ainda segundo os dados fornecidos pela direção do partido, os donativos para a campanha de 2014 foram quatro dirigentes do partido que deram cerca de 1.000 euros cada um: Pedro do Ó Ramos, diretor de campanha, Marco António Costa, vice-presidente do partido, Luís Montenegro, líder parlamentar, e José Matos Rosa, secretário-geral.

Essa campanha foi feita essencialmente com sessões de esclarecimento com militantes e a maior parte do dinheiro foi gasta em rent-a-car (2.765 euros) e combustíveis (684 euros).

O Observador não teve autorização para consultar a documentação das várias campanhas que foram confiadas ao Conselho Nacional de Jurisdição do partido.

Nas eleições de 2008 e 2010, os então diretores de campanha, Miguel Relvas e Mauro Xavier, respetivamente, fizeram comunicados a dar conta dos donativos e gastos de campanha.

Nesses dois casos, foram constituídas associações para gerir as despesas e donativos das campanhas. Em 2010, por exemplo, a maior parte do dinheiro foi gasto em despesas de representação e em publicidade e propaganda.

As campanhas para os órgãos internos do PSD (diretas) não têm que ser sujeitas ao crivo da Entidade das Contas e Financiamento dos Partidos, que funciona dentro do Tribunal Constitucional. Margarida Salema, que preside à Entidade das Contas, explica que não tem competência para fiscalizar eleições para órgãos internos dos partidos, apenas fiscaliza as contas anuais dos partidos (que recebem subvenções públicas da Assembleia da República) e despesas e donativos das campanhas nacionais, presidenciais, legislativas, autárquicas e europeias. A fiscalização das primárias do PS, por exemplo, só será feita no âmbito das contas do partido se isso implicar receitas ou despesa dos partidos.