Marcelo Rebelo de Sousa diz que por ser militante do PSD, no seu coração, preferia que ganhasse Seguro por considerá-lo um candidato mais fraco nas eleições de 2015, no entanto, reconhece que a vitória será de António Costa. Para o professor, quem já ganhou com as primárias, foi o PS que se mobilizou e “mobilizou os portugueses”. Depois das primárias? O partido vai demorar muito menos tempo do que se pensa a voltar a unir-se já passa a ter como “principal adversário a coligação”.
Os últimos meses, em que os dois candidatos estiveram em campanha por todo o país, deram a conhecer ao professor alguns traços que anteriormente desconhecia. No seu espaço habitual de comentário na TVI, Marcelo disse que a principal qualidade que reconheceu em Seguro foi “a capacidade de comunicação”, a “alma” e o “empenho” do candidato nos debates. Já sobre Costa disse a ter ficado surpreendido com a “frieza gélida como conduziu a sua campanha”, não se comprometendo com qualquer medida concreta. “Eu sei o que é fazer política e sei a tentação de ter pela frente pessoas que perguntam, sei a capacidade que revela não dizer nada”, ressalvou.
Mas esta também foi uma fragilidade de Costa, já que o comentador considera que o autarca manteve essa postura em toda a sua campanha e transpareceu “falta de emoção” e “à vontade”, não só nos debates, mas com as pessoas nas ações de campanha.
“António Costa deu-nos a ideia na Quadratura do Círculo que era fluente na comunicação e não lhe saiu bem. Deve ser o problema da contenção. Foi uma sombra de António Costa”, disse Marcelo.
O pior de Seguro para o professor foi a ponta final da campanha em que Seguro voltou a avançar com a ideia de uma reforma do sistema político. “Se quer uma lei, apresenta uma lei. Agora marcar debate para 1 de outubro, imagine que ele perde! Foi uma brincadeira de Seguro”, argumentou o comentador. Caso Seguro perca, algo que o professor antecipa que venha a acontecer, Marcelo lembrou que o partido vai ter de organizar um congresso em “finais de novembro, início de dezembro” e que a campanha para as legislativas vai começar muito cedo – “vai ser uma longa campanha eleitoral”. Seja como for, e apesar de considerar que a campanha socialista foi “muito fraca”, Marcelo afirma que os processos de primárias em Portugal são “largamente irreversíveis”.
Pedidos de desculpa e crenças de Marcelo
Sobre os pedidos de desculpa de Paula Teixeira da Cruz e de Nuno Crato na mesma semana, Marcelo Rebelo de Sousa avisou que as ações terão consequências. “O que eles entendem é que pedindo desculpa cumpriram a sua missão e que isso resolve os problemas dos portugueses”, acusa o professor, que apelidou os problemas com o Citius de “bagunça na justiça” e disse que os professores não se vão esquecer dos erros de Crato.
Sobre os alegados pagamentos da Tecnoforma, Marcelo defendeu Passos Coelho dizendo “ter a certeza” que se o primeiro-ministro os recebeu “não foi intencional”. “Eu acho que ele não fez isso intencionalmente, fez isso por desleixo e há 17 anos, esse desleixo era tolerado”, afirmou, avisando que “no futuro se candidatar lugares políticos, tem de pensar que há escrutínio”. Quanto a Luís Filipe Menezes e à investigação sobre a sua gestão da câmara, Marcelo diz preferir esperar para ver se há mesmo investigação.