Várias centenas de enfermeiros concentraram-se junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, num protesto que coincide com o segundo dia de greve nacional.
Segundo o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, os níveis de adesão à greve mantêm-se esta quinta-feira acima dos 80% na larga maioria dos hospitais públicos.
Os dados do Sindicato apontam ainda para uma adesão média de 83,5% na quarta-feira, primeiro dia de paralisação.
“Macedo escuta / os enfermeiros estão em luta” e “Enfermagem unida / jamais será vencida” são algumas das frases mais gritadas pelos enfermeiros concentrados junto ao Ministério, num protesto ruidoso e repleto de bandeiras do SEP.
No início do protesto, que começou pelas 12h30, alguns enfermeiros deitaram-se no chão na estrada, tentando demonstrar a exaustão que estes profissionais dizem sentir.
Para o SEP, “a grave carência de enfermeiros em todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não se minimiza com a contratação de apenas mais 700 enfermeiros, em 2015, além dos mil já anunciados a 18 de setembro”.
Numa reação a estas declarações, o Ministério da Saúde veio lamentar o que considera ser a “banalização da greve”, sublinhando ainda ter-se comprometido com a “autorização de contratação de mais de 1.700 enfermeiros no período de outubro de 2014 a outubro de 2015”.
Além da contratação de mais enfermeiros, o SEP exige uma valorização da profissão, as 35 horas semanais de trabalho para todos, a progressão na carreira e a reposição do valor das horas suplementares e noturnas.
O líder da CGTP, Arménio Carlos, acusou esta quinta-feira o Ministério da Saúde de manipular e mentir para “pôr em causa” a greve nacional dos enfermeiros por temer a luta destes profissionais.
Arménio Carlos juntou-se ao protesto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que juntou centenas de profissionais frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
“O Ministério da Saúde procura, pela via da manipulação e da mentira, pôr em causa os objetivos da vossa luta”, afirmou o secretário-geral da central sindical no discurso que dirigiu aos enfermeiros.
Para Arménio Carlos, o Governo “tem medo da luta dos enfermeiros” por considerar que “pode pôr em causa a vida” do Executivo.
“Precisamos de uma nova política e de um novo Governo”, comentou, sendo acompanhando pelos enfermeiros, que gritavam “Demissão, demissão, demissão”.
Também a deputada do PCP Carla Cruz participou na concentração dos enfermeiros, considerando a greve “justíssima” no quadro de uma situação profissional “muito complexa”.
“O Governo não abre concursos para enfermeiros em número suficiente. As reivindicações são justíssimas”, afirmou à agência Lusa a deputada comunista, sublinhando ainda a “muito boa adesão” à paralisação.
Segundo o presidente do Sindicato, José Carlos Martins, cerca de 600 enfermeiros terão participado na concentração, a avaliar pelos 400 profissionais de fora da Grande Lisboa que terão sido transportados de autocarro.
Oficialmente, a PSP não indicou estimativas de números dos presentes no protesto.