Luís Marques Mendes está convencido de que as constantes comunicações de José Sócrates da prisão são “um ato de desespero” que vai acabar por “cansar as pessoas e irritá-las”. O comentador referiu que os portugueses querem conhecer mais pormenores do caso que envolve o ex-primeiro-ministro mas não as “considerações gerais” que Sócrates estará a fazer nas suas cartas.
Marques Mendes comentava assim os últimos acontecimentos relativos à prisão preventiva de José Sócrates, que desde que está no estabelecimento prisional de Évora já recebeu a visita de diversas figuras socialistas. Uma das últimas, a do ex-primeiro-ministro António Guterres, constituiu para o comentador “uma surpresa pela positiva” que tem mesmo “relevância política”.
Já a anunciada visita do novo secretário-geral do PS, António Costa, foi uma “surpresa pela negativa”, disse. “Se António Costa é amigo dele e quer visitar, como é que só tem tempo daqui a duas ou três semanas?”, questionou Marques Mendes, que criticou ainda o facto de Costa ter dito ao Expresso que iria visitar Sócrates. O comentador ficou incomodado especialmente com uma declaração do novo líder socialista:
“Só me ficaria mal se não fosse. Você não faria o mesmo se um amigo seu fosse preso?”, disse António Costa ao Expresso. “Se não lhe ficasse mal, parece que não ia lá”, disse Mendes, para quem Costa está mais “preocupado com as aparências” do que com Sócrates, de quem é amigo.
Ainda sobre o caso Sócrates, Marques Mendes considerou que a rejeição dos habeas corpus esta semana pelo Supremo Tribunal de Justiça “pode prejudicar” a defesa do ex-governante, sobretudo no que ao recurso da prisão preventiva diz respeito, pois um tribunal menor “fica manietado” por aquelas decisões superiores.
Outro tema que Mendes abordou foi a reforma do IRS, aprovada esta sexta-feira no Parlamento apenas com os votos a favor da maioria. O processo de gestão política deste pacote legislativo foi “caótico”, afirmou, referindo as diferentes versões e as “descoordenações” entre os membros do Governo relativamente ao assunto. Mas também o PS saiu mal na fotografia, ao ter votado contra o quociente familiar, considerou. “Não percebo como é que o PS votou contra isto. O PCP e o Bloco abstiveram-se.”
Na parte final do seu comentário na SIC, Marques Mendes acusou o CDS de fazer um “exercício de oportunismo político” e de “caça ao voto” ao propor já o regresso do feriado de 1 de dezembro.