A Goldman Sachs contesta a decisão tomada esta semana pelo Banco de Portugal de não transferir a responsabilidade contraída pelo BES perante a Oak Finance Luxembourg e ameaça recorrer aos tribunais para contrariá-la. “Caso o Banco de Portugal não reconsidere a sua posição, à luz dos danos que vai causar a todos os clientes com posições neste ativo e aos mercados financeiros, todos os investidores prejudicados não deixarão de recorrer a todas as vias apropriadas incluindo as judiciais”, lê-se numa nota emitida sexta-feira pela Goldman Sachs.

O banco de investimentos americano terá sido apanhado de surpresa pela decisão conhecida esta semana e que representa uma perda de 834 milhões de dólares (684 milhões de euros) para os seus clientes. De acordo com o semanário Expresso, a opção de colocar estas obrigações no BES foi tomada três dias antes de vencer o primeiro cupão. Há pelo menos dois portugueses a ocupar altos cargos na Goldman Sachs. José Luís Arnault faz parte do International Advisory Board e António Esteves é partner.

Banco americano foi penalizado por ser acionista do BES

Em causa está a deliberação da entidade liderada por Carlos Costa de não transferir “a responsabilidade contraída pelo Banco Espírito Santo (BES) perante a Oak Finance Luxembourg”, anunciada na terça-feira e que tem um impacto positivo em reservas no Novo Banco de 548,3 milhões de euros. Um dos fatores que pesou nesta decisão foi o facto da Goldman Sachs ser acionista qualificado do BES com mais de 2%. A resolução penalizou os investimentos dos maiores acionistas do banco. A Goldman argumenta que essa participação era detida em nome dos seus clientes.

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“Quando o Novo Banco foi criado, a Goldman Sachs obteve a confirmação por parte do Banco de Portugal de que toda a dívida sénior do Banco Espírito Santo, como as obrigações Oak Finance, seriam transferidas para o Novo Banco. A 11 de agosto de 2014, um alto representante do Banco de Portugal explicitamente confirmou por escrito à Goldman Sachs a transferência dessas obrigações sénior para o Novo Banco”, realçou hoje o banco de investimento norte-americano. “Além disso, a Goldman Sachs também pediu confirmação por escrito ao Novo Banco de que a operação Oak Finance tinha sido transferida como um dos seus passivos ao que o Novo Banco respondeu explicitamente que as obrigações Oak Finance se encontravam no seu balanço”, informou.

Por isso, de acordo com a Goldman Sachs, “o inesperado anúncio público do Banco de Portugal no início desta semana, retroagindo estas obrigações, contraria as expectativas e a confiança do mercado e causa danos a vários investidores, incluindo fundos de pensões, aos quais esses investimentos foram colocados com base nas garantias anteriormente dadas“. Daí, a Goldman Sachs, um dos maiores investidores institucionais do mundo, ameaça avançar para os tribunais contra a decisão tomada pelo Banco de Portugal. É mais um processo que poderá complicar a venda da instituição.