Yanis Varoufakis e Maria Luís Albuquerque não se cumprimentaram na reunião do Eurogrupo de segunda-feira. Mas ambos rejeitam que esse facto deva ser lido como um sinal de que não são boas as relações entre os ministros das Finanças da Grécia e de Portugal.

“Há só uma explicação geográfica” para o facto de não ter havido um cumprimento, garantiu Yanis Varoufakis, que não se quis prolongar sobre a polémica que nasceu depois de o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, ter acusado Lisboa e Madrid de terem tentado minar o acordo alcançado entre os parceiros europeus e a Grécia a 20 de fevereiro.

Em conferência de imprensa, após a reunião de segunda-feira do grupo que junta os 19 ministros das Finanças da zona euro, Varoufakis disse que falou com muitos ministros, incluindo o espanhol, porque ficaram sentados junto ao seu lugar, ao contrário de Maria Luís Albuquerque, que estava sentada no outro lado da sala em que decorreu o encontro.

Também a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou segunda-feira que o que aconteceu foi que “não se proporcionou” falar com o seu homólogo grego, acrescentando que “não há nada para esclarecer” entre os dois. A ministra das Finanças explicou que quando o ministro grego entrou na sala, a sala já estava muito cheia e que, portanto, não seria fácil deslocar-se até ao ministro grego.

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Após o acordo atingido a 20 de fevereiro, numa reunião do comité central do seu partido, Syriza, o primeiro-ministro da Grécia afirmou que no Eurogrupo a Grécia se deparou “com um eixo de poderes liderado pelos governos de Espanha e de Portugal que, por motivos políticos óbvios, tentou levar a Grécia para o abismo durante todas as negociações”.

Atenas debate-se com problemas de tesouraria para fazer face às obrigações financeiras, com uma fonte europeia citada pela agência de informação financeira Bloomberg a dizer que o dinheiro em caixa pode ser suficiente para apenas três semanas.

Questionado várias vezes sobre isso na conferência de imprensa, Varoufakis não adiantou o valor que os cofres públicos têm para fazer face às obrigações financeiras do Estado, dizendo apenas que, no âmbito do acordo de fevereiro, “a posição de liquidez será garantida pelo Governo grego em conjunto com as instituições”.

Atenas deixou de se referir à ‘troika’ (palavra usada para nomear Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), adotando em vez disso o termo “instituições”.