O Presidente do Egipto, Abdel Fatah al-Sisi, afirmou este sábado que o mundo árabe está, neste momento, a enfrentar ameaças sem precedentes, referindo-se à crise que se vive no Iémen. O egípcio acusou ainda os rebeldes xiitas de serem “lacaios do Irão”.

Em fevereiro os rebeldes xiitas houthi, provenientes do norte do país e fortemente apoiados pelo regime iraniano, tomaram conta do governo. Apresentaram um governo e leram pela televisão um comunicado ao país, anunciando a transição política.

Para fazer face à crescente influência iraniana no Irão e impedir o avanço dos rebeldes xiitas, que nos últimos dias investiram na cidade portuária de Aden, onde estaria o presidente iemenita deposto Masoun Hadi, a Arábia Saudita, em conjunto com os Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Marrocos, Egito, Paquistão e mais quatro países, iniciou uma operação militar que nos têm provocado nos últimos dias uma escalada de violência no Iémen.

Este sábado, na reunião da Liga Árabe, Abdel Fatah al-Sisi descreveu a intervenção no Iémen como “inevitável” para colocar um ponto final na ingerência de uma potência estrangeira naquele país, referindo-se, sem o mencionar, ao Irão, como conta o jornal britânico The Guardian. O objetivo da operação “Tempestade Decisiva” é “preservar a unidade do Iémen e paz dos seus territórios”, afirmou Sisi.

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Na sexta-feira à noite, houve relatos de que a coligação de dez países liderada pelos Arábia Saudita continuava a organizar vários raides aéreos na capital do país, Sanaan. Conta o Guardian que os aviões da coligação atacaram um comboio de veículos blindados das forças xiitas houthi, onde seguiam tanques e camiões militares que seguiam de Shaqra com destino à cidade portuária de Aden.

Também Barack Obama, Presidente norte-americano, marcou presença na reunião que juntou os principais líderes árabes. Na sua intervenção, Obama reforçou o apoio à coligação e garantiu que os Estados Unidos “partilham o objetivo coletivo” de trazer paz à região.

Já Ban Kii-Moon, secretário-geral da ONU, apelou a uma resolução pacífica do conflito, considerando que só as negociações entre os dois lados das barricadas evitariam uma batalha prolongada pelo poder no Iémen. Isto numa altura em que a ONU está debaixo de forte pressão de, pelo menos, seis membros do Conselho do Golfo – Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita, Omã, Catar e Kuwait – que exigem que as Nações Unidas executem sanções contra o novo governo iemenita, forçando uma resolução do conflito.

O Irão, que muitos acusam de estar a suportar os intentos dos rebeldes xiitas houthi, tem mantido uma posição cautelosa sobre todo o conflito. Ainda assim, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Teerão, deixou um aviso sério à coligação: “Qualquer ação militar estrangeira contra a integridade territorial e o seu povo só vai aumentar os mortos e o derramamento de sangue”.