A vitória do Partido Social Democrata nas eleições regionais da Madeira era um dado praticamente adquirido, mas faltava perceber por que números – com ou sem maioria absoluta, leia-se. No entanto, à medida que foram sendo conhecidos os primeiros resultados, o fator surpresa foi perdendo espaço e nem o fantasma de Alberto João Jardim parecia assustar as hostes “laranjas”. Foi, por isso, um Miguel Albuquerque tranquilo aquele que se dirigiu aos simpatizantes e militantes do partido na noite em que sucedeu ao homem que conduziu os destinos do Governo Regional madeirense nos últimos 37 anos.
“Connosco a Madeira vai ter um novo rumo e sairá desta atual encruzilhada de uma forma positiva”, começou por dizer Miguel Albuquerque, estendendo depois o convite a todos aqueles que quiserem ajudar. “Todos serão bem-vindos na construção do futuro”, afirmou, para depois acrescentar que a maioria absoluta “não vai significar poder absoluto”.
Acompanhado pela mulher e pelo mais novo dos cinco filhos, Miguel Albuquerque agradeceu aos militantes dos partidos, os mesmos “que perceberam antes dos outros que os tempos não estão para inércias, nem para comodismos, que era necessário abrir o partido aos cidadãos e à juventude, que era preciso romper com as rotinas e disfuncionalismos instalados” no partido.
Quanto ao futuro, o ex-presidente da Câmara do Funchal prometeu que a Madeira vai conhecer um “novo ciclo político”. Um ciclo que se “abre hoje” com os olhos postos num “melhor funcionamento da democracia” e numa maior “credibilidade” da Assembleia Regional.
Miguel Albuquerque mostrou-se também certo da abertura e disponibilidade do primeiro-ministro e do Presidente da República para construírem uma “boa ponte de diálogo” entre a Madeira e o continente. Ainda assim, e mesmo recusando-se a assumir a expressão “renegociação da dívida”, o social-democrata prometeu que vai colocar esforços num “diálogo firme com a República”, admitindo que era “evidente” que a questão da dívida “irá ser discutida”.
Com os resultados alcançados este domingo, o PSD conseguiu a 11ª maioria absoluta consecutiva nas eleições regionais da Madeira, a primeira sem Alberto João Jardim. Miguel Albuquerque, conhecido como o “enfant terrible” e anti-Jardim, terá agora a missão de conduzir os destinos do arquipélago na era “pós-jardinismo”.