Os aplausos depois da renúncia duraram quase tanto tempo quanto o discurso. Foram pouco mais de três minutos de palavras para dizer adeus aos mais de sete anos à frente da Câmara de Lisboa. António Costa fez o balanço do mandato dizendo que “a casa está arrumada” e justificando a saída agora, a seis meses das eleições: é altura de “fechar um ciclo e abrir outro, na câmara e no país”. Fica o registo: às 12h35 do dia 1 de abril de 2015, António Costa deixa a presidência da Câmara de Lisboa. Com Fernando Medina, o sucessor emocionado ao lado, o (ex-)presidente renunciou ao cargo.
“A casa está arrumada, a câmara a funcionar, com um quadro financeiro sustentado numa gestão de rigor e numa ambição realista. É tempo de encerrar o ciclo e abrir um novo, no município e no país. Sei que deixo o município em boas mãos, numa transição preparada e planeada que concretizamos hoje quando estamos a seis meses das eleições legislativas”, disse António Costa.
No discurso, começou por agradecer a eleitores, funcionários, autarcas de freguesia e vereadores para depois fazer um curto balanço da sua liderança. Para António Costa, que agora se vai dedicar ao PS e à campanha para as eleições legislativas, foram sete anos de governação “em contra-ciclo”, mas “Lisboa recuperou autoestima, orgulhosa da sua identidade bairrista e universalista”.
“Dinamizámos a economia da cidade, introduzimos rigor na gestão urbanística, investimos na educação, na cultura, nos direitos sociais, melhorámos o espaço público. Inovámos na mobilidade, no ambiente urbano e na descentralização”, disse Costa. “Vencemos a crise municipal e enfrentámos a nacional”, acrescentou, sublinhando o facto de “ao mesmo tempo” ter mantido “o diálogo com a oposição”.
Para o final, António Costa deixou um abraço a toda a equipa, mas em especial ao vice-presidente e seu sucessor Fernando Medina a quem deseja “as maiores felicidades”. Porque agora, disse, é tempo de ir lutar pelas legislativas. “Sigo a consciência de ser meu dever concentrar-me agora, como fiz há oito anos, com o mesmo espírito de serviço e a mesma determinação, a servir Portugal e os portugueses”, concluiu.
Mais tarde, aos jornalistas, disse apenas que se vai “dedicar com toda a energia” à campanha para as legislativas” e confirmou a notícia do Observador de que vai passar a receber ordenado do PS: “Vivo do meu trabalho não tenho outra fonte de rendimento”, justificou-se a rir.
A renúncia de António Costa foi anunciada, oficialmente, na terça-feira na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.