As lágrimas caem-lhe do rosto quando menos espera? Os seus espirros saem-lhe demasiado sonoros? E é daqueles que tem ataques de soluços que teimam em não passar? Se respondeu “sim” a uma destas três perguntas (ou a todas), este artigo pode ajudá-lo/a. Com a ajuda de um artigo longo do espanhol El País e vários outros estudos consultados pelo Observador, reunimos um conjunto de dicas com base científica para que aprenda a dominar melhor o seu corpo.
Suavizar a dor? Que tal dizer palavrões
A sensação de dor tem uma função básica para a nossa sobrevivência: serve proteger a integridade do corpo. “Através deste sinal de alarme, põem-se em marcha uma série de mecanismos cujo objetivo é evitar ou limitar possíveis danos”, explica ao El País Cristina Carrasco, investigadora na Universidade de Extremadura. No entanto, nem todos temos a mesma tolerância à dor, que varia consoante a personalidade, a atitude, experiências passadas, humor ou o meio ambiente.
Alguns truques para aumentar a tolerância à dor passam por gestos simples. Um deles, imagine, é praguejar. Um estudo levado a cabo por investigadores da London University College, com base numa experiência que envolvia meter as mãos de pessoas dentro de água fria, mostrou que quem dizia palavrões conseguia aumentar a tolerância à dor.
Mas fantasiar com a comida preferida, meditar, ter pensamentos positivos e ouvir música são outras das soluções apresentadas (e suportadas por estudos próprios) pelo site Health.
No caso de dores crónicas, há pesquisas que sugerem o consumo de canabinoides — o principal ingrediente na canábis ou da marijuana medicinal –, como esta conduzida pela Universidade de Califórnia San Francisco.
Evitar o choro? Respirar o fundo e pensar positivamente resulta sempre
As lágrimas são uma espécie de ‘lubrificante social’, capazes de contribuir para o bom funcionamento de uma comunidade e de ajudar as pessoas a comunicar, refere o professor de psicologia e neurociência Robert R. Provine, da Universidade de Maryland, um dos autores do estudo Psicologia Evolucionista.
Mas isso não impede que haja situações em que o importante é mesmo evitá-las, que mais não seja para evitar algum embaraço ou constrangimento. Nesse caso, Cristina Carrasco, da Universidade de Extremadura, sugere que afastemos da nossa mente a imagem responsável pelo choro. Se as lágrimas rebolarem face abaixo no trabalho — um dos locais onde chorar não é das coisas mais apropriadas, também há solução: a especialista aconselha a mudar de localização, respirar profundamente e concentrarmo-nos no momento que provocou o choro.
Conter os soluços? Um susto funciona mesmo. E tapar as orelhas e conter a respiração também!
O soluço é uma “contração espasmódica do diafragma, acompanhada por um ruído particular”, segundo se lê no dicionário Priberam — o diafragma é o músculo que separa o tórax (incluindo pulmões e coração) do abdómen (incluindo estômago e intestinos).
Em raras ocasiões, os soluços podem ser persistentes, isto é, durar vários dias ou vários meses, o que poderá até ser um indicador de patologias graves, explica Cristina Carrasco.
Como contê-los? Há tantos truques como aqueles que a imaginação humana consegue fabricar, mas à falta de resultados siga este: “Respirar para dentro de um saco de papel aumenta a pressão parcial de dióxido de carbono no nosso sangue, o que ajuda a descontrair os músculos do corpo e permite ao organismo eliminar o dito gás, restabelecendo, assim, o ciclo respiratório normal”, diz a especialista. Já para García Moreno, neurologista do Hospital Universitário Virgen Macarena, a melhor opção é a de aguentar a respiração.
Ingerir uma colher de chá de açúcar ou receber um susto valente também servem para “distrair” o nervo que controla o diafragma. Tapar os ouvidos enquanto se bebe água é uma de outras opções, segundo um artigo redigido em 1999 pelo médico Ronald Goldstein. Caso nenhum dos seus amigos esteja disposto a tapar-lhe os ouvidos enquanto ingere o líquido, faça-o sozinho recorrendo a uma palhinha.
Parar (ou acelerar) um espirro? Olhe para a luz ou tussa ao mesmo tempo
Um espirro vem quase sempre acompanhado de outro espirro. Quem o diz é José Manuel García Moreno, também contactado pelo El País. Mas o que acontece quando, na verdade, não paramos de espirrar? A resposta é: aguentar.
Este reflexo corporal tem uma função física, que foge ao nosso controlo. Da mesma forma que não é possível espirrar de olhos abertos, não é recomendável tapar o nariz. “A velocidade do ar e a pressão que gera o espirro é enorme, pelo que tentar reduzi-lo pode ser prejudicial.” O ar que sai projetado do corpo a 110 quilómetros por hora não deixa de dar uma sensação de alívio e de bem-estar. Por isso, espirrar para dentro pode fazer com que germes cheguem a zonas indesejadas, além de poder provocar pequenas ruturas vasculares.
A sugestão passa, então, por forçar o espirro quando este não sai, fazendo-o em direção a uma fonte de luz. Segundo a LiveScience, estima-se que um em cada quatro pessoas “padeça” daquilo a que se chama espirro de reflexo fótico, que basicamente consiste num espirro como reflexo de olhar para a luz do sol. Apesar de algo ainda pouco compreendido, segundo esta publicação, isto pode acontecer porque, no ato do espirrar, a mensagem que o cérebro recebe para fechar ou franzir os olhos mediante uma luz forte cruza-se com aquela que o mesmo recebe para espirrar.
Se os espirros forem, no entanto, muito barulhentos — é provável que conheça alguém cujo espirro se assemelhe à explosão de uma bomba — há formas de os aligeirar. O Wall Street Journal reuniu alguns conselhos, como tossir ao mesmo tempo que espirrar, e cerrar os dentes e a mandíbula para suprimir o som (mantendo os lábios abertos para evitar a acumulação de pressão de ar).