Será que estamos a perder a capacidade de desfrutar dos momentos importantes?

Talvez já tenha reparado, por experiência própria ou pela observação do comportamento dos outros, que a maioria das pessoas visita os locais de telemóvel ou de máquina fotográfica na mão. O primeiro impulso, quando alguma coisa nos prende a atenção é fazer o clique para registar o momento. Mas não estaremos, de facto, a perder esses momentos?

Viver atrás ou à frente de um telemóvel?

morenatti

Se olhou com atenção para a fotografia, percebe imediatamente a razão da pergunta. Na imagem vemos uma mulher mais velha, de cabelo branco, simplesmente a olhar com um sorriso na cara. Atrás dela, várias pessoas de telemóvel na mão, a fotografar.

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A imagem, inicialmente partilhada por um fotógrafo espanhol, Miguel Angel Morenatti no Twitter, é da autoria de John Blanding, fotógrafo do Boston Globe, que registou o momento na apresentação do filme Black Mass (Jogo Sujo), que irá estrear em Portugal no dia 8 de outubro. O El País conta que a imagem foi partilhada mais de 8.000 vezes no Twitter. “Por querermos conseguir as melhores fotos, perdemos os melhores momentos” foi um dos comentários mais comuns.

Mas esta não é a primeira vez que uma imagem do género é divulgada e que levanta questões sobre o uso e abuso dos smartphones. Em 2014 foi também foi partilhada a foto de um grupo de jovens no museu Rijksmuseum em Amesterdão, onde estes aparecem de costas para o quadro de Rembrandt a olhar para os seus smartphones e que gerou, na altura, muitas críticas.

quadro

E se isto aconteceu no ano passado, a verdade é que um dos utilizadores do Twitter recordou uma fotografia ainda mais antiga, de 1969, tirada por Oliver F. Atkins, que mostra a imagem do Presidente Nixon a ser fotografado por dezenas de jovens do serviço de voluntários American Field Service.

nixon

A fotografia, de há 46 anos, revela que talvez as coisas não tenham mudado assim tanto. Mas a verdade é que a instantaneidade e rapidez dos smartphones parece estar a pôr em causa a capacidade de olhar para as coisas sem precisar de lentes para o fazer.