O líder parlamentar do PS, Carlos César, responsabilizou esta quarta-feira o Presidente da República pelo clima de crispação que está instalado. “Quanto mais tempo passar, maior será a incontinência verbal”, afirmou, em entrevista na TVI24.

Segundo César, “estamos a levar demasiado tempo” a decidir o que fazer depois da queda do atual Executivo com uma moção de rejeição do programa de Governo dia 11. “O país tem pressa em ter Governo”, sublinhou, criticando a ausência de decisão do parte do Presidente que está a “prolongar a impaciência” e que, a seu ver, “não tem nenhuma justificação”.

Carlos César considerou mesmo que o PS tem o “direito” de “pressionar” Cavaco Silva para tomar “uma decisão rápida e favorável” à indigitação de um Governo de António Costa, acusando o Presidente da República de um “adiamento constante da decisão”.  “Há todo o direito de pressionar o Presidente da República para uma decisão rápida e favorável à indigitação do PS, porque o país não pode ficar em silêncio e o debate político não pode ser subtraído só porque o Presidente está a pensar.”

Confrontado com o facto de um deputado do PS ter chamado “gangster” a Cavaco, César censurou esse comentário mas lembrou que os socialistas também já foram classificados de “golpistas”, “sem vergonha” e “reviralhos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O socialista insistiu que é preciso “maior diligência e rapidez” e considerou mesmo “inexplicável” a viagem de Cavaco à Madeira esta segunda e terça-feiras, argumentando que devia ter sido encurtada.

Lembrando que o PR dissera antes da queda do Governo que tinha estudado “todos os cenários”, Carlos César disse ser “impraticável” ao PS ter sido “bengala” do Governo PSD/CDS. “Esta solução [acordo de esquerda] é mais estável”, explicou.

O dirigente socialista também abordou as diferenças entre os partidos de esquerda, PS, PCP, BE e Os Verdes. Considerou que há uma “tranquilidade assinalável” na sociedade de que “o programa-base é o do PS” e reconheceu que os partidos podem ter “prioridades diferentes, opiniões diferentes”, mas que o que “vigora é o que deriva do programa do PS e o que for examinado em comum para um Governo duradouro e na perspetiva de quatro anos”.

“Não esperamos unanimidade (…). E não estamos livres de em qualquer circunstância haver uma divergência maior ou menor”, disse, lembrando a crise de 2013 do Governo de Passos e Portas.