António Costa chamou todos os partidos com assento parlamentar a São Bento para falar sobre a situação do Banif, confirmou o Observador.
As reuniões, em que também estiveram presentes o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, decorreram durante a tarde na residência oficial do primeiro-ministro. Ao que o Observador soube, o chefe de Governo ouviu todos os partidos, através dos líderes parlamentares, e não apenas os partidos de esquerda com assento parlamentar.
Fontes partidárias confirmaram a existência das reuniões, que não constavam da agenda oficial do chefe do Governo para o dia de hoje.
Esta fase mais aguda começou no domingo à noite, depois de uma notícia da TVI que avançava que o banco iria fechar. Contudo, a própria TVI já veio pedir desculpa sobre a imprecisão. Contudo, no dia seguinte, o Público noticiava que teria de haver uma solução de curto prazo, até ao final desta semana, que poderia passar por uma divisão do banco.
Esta conversa com os partidos ocorre na véspera do primeiro debate quinzenal em que o Banif poderia tornar-se um dos temas quentes da discussão.
No debate sobre o programa de Governo, há 15 dias, o tema do Banif foi levado a plenário pelo BE e pelo PCP. Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, considerou que “não pode o Governo esconder-se no Banco de Portugal, nem o Banco de Portugal continuar a apresentar pela calada faturas cada vez mais pesadas aos contribuintes portugueses”. Já Miguel Tiago, do PCP, questionou: “Dos mais de 700 milhões, que retorno se espera e que medidas se podem esperar para que esses custos não recaiam sobre os portugueses?”.
Na altura, a resposta foi dada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno que não concretizou muito. “A posição do Governo em relação a estes assuntos é uma posição de proteção sem limites daquilo que são os interesses do país e dos portugueses”.
Já esta semana, tanto o PCP como o BE optaram por não fazer comentários sobre a solução para o banco, alegando que só o deverão fazer quando houver uma situação de facto, ou seja, se ele não for vendido até final do ano e o Banco de Portugal tiver que intervir.
Se o Banif não for vendido, o Banco de Portugal poderá optar por uma solução parecida com a do BES, a divisão em banco bom e banco mau. Este modelo, contudo, foi contestado pelos partidos mais à esquerda, que defendem que se o Estado põe dinheiro num banco (através do fundo de resolução) tem que ter margem para mandar em alguns atos de gestão.