João Ferreira, eurodeputado comunista, acusou esta quarta-feira a Comissão Europeia de estar a conduzir “uma inqualificável operação de chantagem” para condicionar o Orçamento do Estado português, e sugeriu a Jean-Claude Juncker, presidente do executivo comunitário, que “acalme os seus burocratas”.
Num debate no hemiciclo de Estrasburgo, sobre o próximo Conselho Europeu, João Ferreira aproveitou a presença de Jean-Claude Juncker para dedicar a sua intervenção às conversações em curso entre Bruxelas e Lisboa em torno do projeto de plano orçamental português, que classificou como uma ingerência “de recorte colonial” da Comissão Europeia.
De acordo com o eurodeputado, “a Comissão Europeia está a levar a cabo uma inqualificável operação de pressão e de chantagem que visa condicionar o Orçamento de Estado português para 2016“, e, “com uma arrogância de recorte colonial, quer perpetuar o caminho que os portugueses rejeitaram nas últimas eleições, o mesmo caminho de empobrecimento, exploração e esbulho”.
“Sabe de uma coisa, senhor Juncker? A Constituição da República Portuguesa diz que é da exclusiva responsabilidade da Assembleia da República organizar, elaborar e aprovar os orçamentos de Estado. Acalme lá por isso os seus burocratas. O que está em causa neste orçamento é cumprir com compromissos assumidos com o povo português, é devolver aos portugueses uma parte daquilo que lhes foi roubado nos últimos anos, é parar o caminho de afundamento nacional“, referiu.
A terminar, João Ferreira comentou que, “quando estes objetivos, que são justos apesar de modestos e limitados, entram em contradição com as regras e os constrangimentos da UE, isso diz muito daquilo em que tudo isto se tornou: um projeto condenado e sem futuro, que não deixará saudades”.
A intervenção do deputado do PCP ao Parlamento Europeu ocorreu um dia depois de o colégio da “Comissão Juncker” ter reclamado ao Governo português “mais esforços” e “medidas adicionais” no seu projeto de orçamento, para permitir um parecer positivo de Bruxelas.