O ministro da Saúde anunciou que, dentro de dois ou três anos, os portugueses poderão escolher os serviços de saúde e que a arma para cativar os utentes serão “a qualidade, o desempenho e a transparência”.

Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas no final da cerimónia de comemoração do primeiro transplante cardíaco, realizado há 30 anos no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide

“A arma [para os serviços de saúde cativarem os utentes] é a qualidade, é o desempenho e a transparência. Temos de ter um Serviço Nacional de Saúde (SNS) exigente consigo próprio e que gosta de ser avaliado”, disse.

De acordo com o ministro, estão ainda a ser feitos “os estudos necessários”, mas as primeiras medidas serão ensaiadas a partir de abril, quando forem assinados os primeiros contratos-programa com os hospitais.

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Esta livre escolha deverá estar a funcionar em pleno daqui a dois, três anos.

O ministro disse ainda que “a transplantação é uma prioridade política” desta equipa ministerial e sublinhou a importância desta efeméride que recorda o primeiro transplante cardíaco em Portugal.

Nesta unidade hospitalar, onde há 30 anos a equipa liderada pelo cirurgião João Queiroz e Melo realizou o primeiro transplante cardíaco, a uma mulher que viveria ainda mais dez anos, o médico recordou o pioneirismo do feito.

O médico disse que alguns procedimentos estão mais rápidos e a medicação melhorou, embora existam ainda aspetos que podem ser melhorados, como ao nível do desperdício que existe com alguns materiais que não são reutilizáveis.

Por outro lado, o cirurgião, atualmente aposentado, defendeu a possibilidade de um acompanhamento à distância, que não obrigue os doentes a deslocarem-se tantas vezes ao hospital.

Presentes na cerimónia estiveram dois doentes transplantados, os quais reconheceram que se não tivessem recebido este órgão já não estariam vivos.

Manuel Camões, com 77 anos, tem um coração transplantado há 27 anos e sete meses e disse que ele próprio é “uma prova de que há milagres” no SNS.

Elogiando o SNS, ao qual ainda faltam coisas, mas “não tem falhado”, este doente agradece, emocionado, a aposta da equipa clínica que o operou e que nunca lhe faltou quando foi necessário.

Outro doente, Luís Guedes, que recebeu um coração em outubro de 2007, é hoje um tenista medalhado e orgulhoso da odisseia que viveu naquele hospital.