Miguel Cadilhe quer que o Governo de António Costa incentive a poupança dos particulares. Para o antigo ministro das Finanças do Governo de Aníbal Cavaco Silva, a taxa de poupança de 4% dos rendimentos disponíveis das famílias está muito baixa.

“Desafio para o Governo: pensar nas políticas que podem influenciar a propensão à poupança”, afirmou Cadilhe durante a conferência “As Pensões e a Poupança em Portugal”, organizada pela Cidadania Social e pelo Instituto BBVA de Pensões nesta sexta-feira. O economista exemplificou com uma das suas medidas enquanto ministro das Finanças: o lançamento dos planos de poupança-reforma em 1989. “Demos sinais que era preciso poupar”, recordou.

“Não há iliteracia sobre as poupanças e pensões”, defendeu Miguel Cadilhe, porque “os portugueses, em geral, têm conhecimento da matéria”. No entanto, “estamos a passar por uma época de desmotivação pessoal” após “o desfiladeiro troikiano”. O economista diz que a tendência da taxa de poupança “é preocupante” e “exige política de poupança”.

Cadilhe atribui ainda culpa pela baixa poupança aos “medonhos casos passados no sistema financeiro” e à política monetária do Banco Central Europeu, que conduziu a remuneração das aplicações para mínimos históricos.

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Pensionistas precisarão de mais 339 euros por mês

Adelaide Marques Cavaleiro, a responsável do Instituto BBVA de Pensões, apresentou hoje os resultados da terceira sondagem sobre pensões e hábitos de poupança. “A crise promoveu uma maior cultura de necessidade de poupança”, explicou a especialista, mas, embora tenha aumentado o número de aforradores, “a poupança per capita diminuiu”. Isto criou “uma visão generalizada de que o futuro será pior”, avisou.

“A perceção principal de 52% dos entrevistados é que, quando chegar o momento da reforma, não se terá o nível de vida adequado, especialmente junto das pessoas com mais de 36 anos e nos segmentos da população de classe média e baixa”, conclui o estudo do Instituto BBVA de Pensões. Apenas 38% das pessoas entrevistadas começaram a poupar para complementar a reforma.

A sondagem, realizada em outubro de 2015, mostra que os portugueses, em média, estimam receber uma pensão de 532,40 euros, mas calculam que necessitem para viver de 871,70 euros. “Há um défice de 339 euros por mês”, alerta Adelaide Marques Cavaleiro.

Em menos de metade (45%) dos lares se consegue poupar e, em quase de metade dos que aforram, a poupança é inferior a 100 euros por mês. Apenas 38% dos entrevistados confirmam que já começaram a amealhar para reforma, especialmente através de fundos de pensões e depósitos a prazo.