Foi o único português que sobreviveu ao trágico acidente de viação que vitimou na sexta-feira 12 emigrantes numa estrada francesa, perto de Lyon: Ricardo Pinheiro, 19 anos, era o condutor da carrinha que seguia sobrelotada vinda da Suíça para Portugal, e pode vir a ser constituído arguido, avança a SIC. As autoridades francesas já abriram uma investigação para apurar a legalidade das condições da carrinha – uma Mercedes Sprinter com capacidade para apenas seis pessoas. As vítimas eram naturais dos concelhos de Cinfães, Sernancelhe, Oliveira de Azeméis, Pombal, Castelo de Paiva, Arouca e Trancoso e vinham passar a Páscoa a Portugal.

Depois de identificadas as vítimas, a investigação concentra-se nas condições do veículo e na aptidão legal do condutor. Com apenas 19 anos, o jovem, que era sobrinho do proprietário do veículo, não teria o curso de aptidão para motoristas, que só se obtém a partir dos 21 anos. Está internado em estado de choque no Hospital de Moulins, onde foi operado a um pulso, e, segundo disse uma amiga ao Correio da Manhã, já foi ouvido pela polícia mas não terá colaborado devido ao estado de apatia em que se encontra. “Não consegue dizer uma palavra. Nem sequer chorar”, disse àquele jornal.

Segundo avança a SIC, citando fonte próxima do processo, Ricardo Pinheiro vai continuar internado e poderá mesmo vir a ser constituído arguido.

Em causa está ainda saber se a carrinha tinha ou não condições para transportar tanta gente. De acordo com o Correio da Manhã, a Mercedes Sprinter onde seguiam os 12 emigrantes oriundos da Suíça tinha capacidade para apenas seis passageiros mas poderia estar adaptada com mais assentos. Levava ainda um atrelado com bagagem.

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“É importante saber se a carrinha estava preparada para transportar 13 pessoas, as autoridades vão averiguar”, garantiu em conferência de imprensa o procurador da República de Moulins. “Vamos fazer uma perícia muito profunda ao veículo para verificar se as adaptações feitas permitiam o transporte de todos os passageiros”, acrescentou aos jornais locais franceses Fabrice Taupin, um dos responsáveis pela investigação.

Resta ainda saber se a carrinha tinha licença internacional para transporte de passageiros. A Mercedes Sprinter pertencia a um empresário de Palhais, que tinha outras carrinhas para fazer aquele mesmo percurso. O proprietário foi, aliás, uma das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente. Isto porque seguia mais à frente a conduzir uma carrinha semelhante, também com emigrantes portugueses na Suíça, e presumivelmente sobrelotada.

Duas famílias entre as vítimas

As 12 vítimas mortais do trágico acidente da madrugada de sexta-feira eram naturais da zona centro-norte de Portugal. Entre elas, encontra-se um casal e a filha de sete anos, naturais de Cinfães. Segundo o Jornal de Notícias tratava-se de Aires Cardoso, de 39 anos, Angelina Silva, de 28, e a filha Marta, de sete, que estavam emigrados na Suíça há quatro anos e regressavam a Portugal para passar a Páscoa.

Uma outra família, composta por dois irmãos, José Manuel, de 60 e Amélia Diogo, 58 anos, e o marido desta, de 61, também se encontra entre os mortos. Eram todos naturais de Sernancelhe.

As restantes vítimas eram provenientes de Oliveira de Azeméis, Pombal, Castelo de Paiva, Arouca e Trancoso.