Um grupo de investigadores da Universidade La Trobe, na Austrália, desenvolveu um método que permite diagnosticar a doença de Parkinson’s através de análises sanguíneas, conta o The Guardian. O teste deteta anormalidades no metabolismo das células sanguíneas dos pacientes que sofrem da patologia, indicando uma nova forma de diagnóstico.

Atualmente, a única maneira de diagnosticar a doença é através de uma série de testes que excluam várias outras doenças. Assim, só é possível identificar Parkinson’s quando os sintomas habituais se sobrepõem com exames negativos a outras patologias. Ou seja, a doença só é detetada quando os pacientes começam a desenvolver os sintomas físicos e já há detrimento celular. Tendo em conta que os sintomas são semelhantes aos de muitas outras patologias neurológicas, há algum risco de um diagnóstico erróneo, o que prejudica o tratamento.

Este novo método é importante porque pode permitir o diagnóstico prematuro. Embora não haja cura para a doença degenerativa, conseguir detetar a sua presença antes que haja lesões ao nível celular pode permitir uma desaceleração da sua evolução através de tratamentos com medicação ou fisioterapia.

As recentes descobertas permitiram perceber melhor as causas da doença. A comunidade científica acreditava que esta era causada por uma lesão na mitocôndria que permitia a acumulação de subprodutos tóxicos que danificavam as células do cérebro, mas esta investigação provou que a teoria estava errada. Há de facto a produção de subprodutos tóxicos, mas não se deve a um defeito na célula. A mitocôndria é fundamental para a respiração celular e é onde se processa a atividade metabólica que transforma substâncias orgânicas em energia. A mitocôndria dos pacientes de Parkinson trabalha mais intensamente que o normal e é isso que faz com que o consumo de oxigénio na mitocôndria seja mais reduzido.

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É por isso que esta descoberta é essencial não só para o diagnóstico da doença, mas porque pode também propiciar o caminho para novos tratamentos mais eficazes.

O teste foi realizado num grupo de 38 pessoas, sendo que 29 padecem de Parkinson e as restantes nove não. Para perceber se a hiperatividade mitocondrial ocorre exclusivamente em doentes de Parkinson seria preciso analisar um grupo muito maior. Este fenómeno pode ocorrer com outras doenças neurológicas como Alzheimer.

O grupo de investigadores pretende aplicar o método a um grupo de indivíduos na faixa etária dos 40, para perceber se este teste pode prever o desenvolvimento da doença antes que haja sintomas físicos. Por enquanto não dispõem dos fundos necessários para um estudo dessa dimensão. A Fundação para o Parkinson Michael J. Fox e a Fundação Shake It Up Australia disponibilizaram mais de 567.000 euros para o desenvolvimento das análises.

Se os fundos forem suficientes, este teste pode passar a ser de uso corrente dentro de cinco anos.