O presidente do PSD disse hoje, em Santarém, que ficou “espantado” com um editorial de “um jornal de referência” que esta semana mandou calar um ex-primeiro-ministro, considerando que este “não é um bom sintoma de democracia”.

Pedro Passos Coelho, que hoje encerrou as primeiras Conferências da Liberdade organizadas pela concelhia de Santarém do PSD, disse, depois de afirmar que o “populismo, o radicalismo e a demagogia têm progredido de forma assinalável nos últimos anos”, não resistir a dar o exemplo, depois de muito ponderar, de um “jornal de referência” ter feito um editorial a mandar calar José Sócrates.

“Achei estranho”, disse, lembrando que discordou “profundamente” do seu antecessor, sendo por isso “absolutamente isento” na observação que fez.

“O que terá acontecido na sociedade portuguesa para que um jornal de referência faça um editorial a mandar calar um político, quando muito tolerando que ele se possa defender da justiça na comunicação social? Deveria ser ao contrário, ele deveria defender-se da justiça na justiça e recorrer à comunicação social e ao público em geral para confrontar as suas ideias”, pois “não ficou diminuído de as ter”, disse.

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Para Passos Coelho, “não é um bom sintoma de democracia que haja na opinião editorial de um jornal de referência a convicção de que o melhor que ele podia fazer era calar-se”.

O líder social-democrata deu ainda um segundo exemplo de intolerância, considerando que a “desqualificação” de que a oposição é alvo “todos os dias, todas as semanas”, no parlamento “não é um sinal de amadurecimento da democracia”.

“Porque é que, da parte de alguns, o insulto se sobrepõe à racionalidade? Mudou o Governo, mudou o parlamento, quem esteve no Governo está agora na oposição, mas continua a ser objeto de intolerância. Já não basta à maioria determinar a opção de Governo, é preciso também desqualificar a oposição”, lamentou.

“Não é sinal de crispação que não estejamos de acordo, crispação é quando o preconceito toma conta da lógica e as pessoas, em vez de confrontarem diferentes projetos ou opiniões, se insultam e fazem de conta que se toleram. Isso não é um sinal de aprofundamento da nossa democracia e de respeito pela liberdade”, declarou.

A concelhia de Santarém do PSD realizou, ao longo de todo o dia de hoje, um conjunto de conferências que abordaram temas como “Um retrato de Portugal”, por António Costa Pinto, “Liberdade e Política”, com Álvaro Beleza, Alexandra Ferreira, Conceição Pequito e Manuel Meirinho, “Liberdade Económica e Social”, com Alberto da Ponte, João Proença e João Machado, “Liberdade Financeira”, com Luís Campos e Cunha, Jorge Marrão e Pedro Reis.

O almoço teve como convidado o antigo Presidente da República Ramalho Eanes para um “balanço de 40 anos de democracia”.