A ida de Augusto Santos Silva à comissão de Assuntos Europeus serviu para os partidos de direita pedirem esclarecimentos sobre a visita de António Costa a Atenas, onde assinou uma declaração conjunta contra a austeridade na Europa. PSD e CDS quiseram saber se Portugal alinha “com Deus ou com o Diabo” entre os parceiros europeus. O socialista refutou esta interpretação e disse que o país já perdeu no passado com “alinhamentos unilateriais” e políticas de “seguidismo”.

“A Europa já pagou muito pela divisão dos países e insisto que, em vez de nos entretermos a ver quem é Deus e o Diabo, o que precisamos é construir rede de convergência de interesses. O trunfo de Portugal é a sua capacidade de encontrar diferentes afinidades e convergências no espaço europeu”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, dizendo ainda que “Portugal perdeu quando se colocou em alinhamentos unilaterais e posição de seguidismo”. A pergunto começou por surgir do grupo parlamentar do PSD, através do deputado Duarte Marques, que disse que o “Governo quer estar bem com todos, com Deus e com o Diabo”.

Também o CDS acompanhou estas críticas da visita à Grécia, através do deputado Nuno Magalhães. “Será que a visita aconteceu por algo que podia não estar a correr assim tão bem a nível interno e fosse preciso dar um sinal externo?”, questionou. “Espero que, como professor, Santos Silva, tenha dado recados duros ao primeiro-ministro grego. Portugal não é a Grécia e espero que não seja a Grécia”, afirmou o centrista, fazendo comparações entre Santos Silva como ministro dos Negócios Estrangeiros e como comentador político.

“Fico preocupado pelo PSD tentar encontrar Deus e o Diabo na União Europeia. Procuramos uma política mais laica, mas menos divisiva na União Europeia. O que mais temos é divisões e elas têm de ser ultrapassadas. Temos de conseguir conversar com todos”, afirmou o deputado socialista, Vitalino Canas.

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A crise dos refugiados no centro do debate

O ministro centrou as suas intervenções na crise dos refugiados, dizendo que o acordo recém-firmado com a Turquia aliviou a pressão sobre a Grécia. Segundo o ministro, o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU tem agora um novo entendimento sobre o acordo. A posição oficial da ONU, veiculada pelo Alto Comissário aos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, na segunda-feira passada, considera que “o acordo cumpre as obrigações do direito internacional”.

O ministro atualizou ainda o número de refugiados em Portugal, afirmando que foram recolocados no país 181 pessoas, mas que até agora não houve reinstalação de qualquer refugiado sírio. Ainda sobre os resultados do acordo com a Turquia, o ministro refere que já teve o resultado efetivo de “estancar um fluxo dirigido por redes clandestinas cuja dimensão estava impedir a Europa de encontrar resposta”. “É agora essencial intervir já sobre Mediterrâneo central”, afirmou o ministro.