“Não entendo porque é que em Portugal se diz sempre que a culpa é do Banco Central Europeu [BCE]. Tem a certeza de que não está a passar por cima das interpretações que faz o Banco de Portugal?“. A frase de Paulo Portas, em entrevista ao Diário Económico, coloca em causa a ideia de que foi o BCE a ditar a perda da equivalência da supervisão financeira que era atribuída ao banco central angolano. É essa decisão que está na base da indefinição em torno do BPI, entre os seus acionistas La Caixa e Isabel dos Santos.

Devido à perda da equivalência na supervisão, o BPI passou a estar em violação da regra dos grandes riscos e terá de reduzir a exposição relativa do banco a ativos angolanos, um país onde o BPI tem uma unidade detida a 50% em parceira com a Unitel de Isabel dos Santos — o Banco de Fomento Angola (BFA). Mas Paulo Portas mostra não acreditar que esta foi uma imposição do BCE e questiona qual terá sido a influência do Banco de Portugal nessa decisão.

A entrevista ao Diário Económico foi feita “na qualidade de vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa”, e não na qualidade de ex-presidente do CDS-PP, sublinhou Paulo Portas. O ex-ministro recusou fazer quaisquer comentários “de natureza política” mas defendeu que deve haver em Portugal um “sistema financeiro equilibrado” e que “não é delito, é lucidez” pedir esse equilíbrio.

“O problema não está, como disse o Presidente, na presença de espanhóis, mas se isso se transformasse num monopólio que os próprios espanhóis em sua casa não aceitariam”.

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