O candidato do partido ecologista Os Verdes, Alexander Van Der Bellen, venceu as eleições presidenciais da Áustria depois de uma luta bastante renhida com o candidato de direita populista, Norbert Hofer.
Os números oficiais indicam que Van der Bellen teve 50,3% dos votos e que Hofer teve 49,7%. A taxa de participação eleitoral foi de 72,7%, consideravelmente acima dos 54% registados nas presidenciais anteriores, em 2010.
A notícia da vitória do ecologista de 72 anos surge depois de terem sido contados os votos por correspondência, que acabaram por fazer toda a diferença para o desfecho destas eleições. No domingo, a contagem dos votos depositados em urna pelos eleitores ditou uma pequena vantagem de Norbert Hofer, que ficou com 51,9% dos votos, contra os 48,1% de Alexander Van Der Bellen.
Porém, essas contas não incluíam os cerca de 700 mil votos por correspondência (isto é, 15,6% entre os cerca de 4,5 milhões de eleitores), que só foram contados esta segunda-feira.
Norbert Hofer já reconheceu a derrota, com um post no Facebook. “Vou manter-me leal a todos vós e contribuir para um futuro positivo para a Áustria”, disse, num texto onde admitiu estar “triste”.
Duro golpe para a “grande coligação”
A votação deste domingo, 22 de maio, foi a segunda volta de umas eleições presidenciais que se podiam tornar inéditas. Isto porque se Norbert Hofer saísse vencedor, este seria o primeiro Presidente da direita populista — ao estilo da Frente Nacional, em França — a liderar um país europeu do pós-guerra.
A possibilidade desse cenário vir a ser confirmado ganhou ainda mais força aquando da primeira volta, onde Norbert Hofer saiu vencedor com 35% dos votos, obtendo aproximadamente mais 10% do que as sondagens lhe apontavam. Atrás, ficou Van Der Bellen, com 21%.
Assim, a segunda volta foi discutida entre um ecologista e um populista de direita, tornando pelo menos uma coisa certa e também inédita: o próximo Presidente da Áustria não seria a primeira escolha dos conservadores (ÖVP) ou dos socialistas (SPÖ). Este foi um duro golpe para os dois partidos, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial têm protagonizado, de forma quase ininterrupta, uma relação de proximidade conhecida como “a grande coligação”.
Durante a segunda volta, tanto os conservadores como os socialistas decidiram não declarar apoio a nenhum dos candidatos que foram a votos.