Thomas Mair, um jardineiro de 52 anos que fazia trabalho de voluntariado, está a ser investigado pela polícia inglesa — ele é suspeito de ter assassinado Jo Cox, deputada trabalhista que foi alvejada e esfaqueada nas ruas de Birstall esta quinta-feira. Cox era uma defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia.
A polícia cercou a casa de Mair — a 15 minutos do local onde Cox foi assassinada –, prendeu-o e levou-o para interrogatório, pouco depois do ataque à deputada.
Vinte e cinco minutos antes do assassinato de Cox, duas vizinhas avistaram o homem de 52 anos. Em declarações ao The Guardian, Emma John afirmou que Mair parecia “completamente calmo e normal” e a sua mãe, Kathleen Cooke, declarou que o homem não parecia particularmente agitado.
Os vizinhos descreveram Thomas Mair como um homem reservado, mas simpático e atencioso, segundo o jornal inglês The Guardian.
Duane St Louis — meio-irmão mestiço de Thomas — informou que o suspeito trabalhava como voluntário numa escola para crianças com dificuldades cognitivas, há vários anos. O homem de 41 anos informou também que não tinha qualquer conhecimento de o irmão mostrar simpatia por ideais racistas, acrescentando que Thomas fazia compras para a mãe duas vezes por semana.
Outro irmão de Thomas, Scott Mair, contou ao The Telegraph que o irmão sofria de distúrbios mentais, mas que já havia sido tratado e que se encontrava estável nos últimos anos. Scott informou que chorou quando soube do sucedido, acrescentando que o irmão “não é violento e nunca foi dado à política”.
Em 2011, numa entrevista a um jornal local, Mair afirmou que trabalhar como voluntário tinha feito por ele “mais do que qualquer terapia e medicação no mundo”. Na mesma entrevista, afirmou que muitas vezes “pessoas com doenças mentais se isolam socialmente e se desligam da sociedade” e que “o sentimento de não valer nada também é muito comum”.
Possíveis ideologias políticas
Segundo o Daily Mail, Thomas Mair comprou um manual sobre como construir uma arma em casa em 1999 e, até 2013, comprou vários livros da National Alliance — que durante décadas foi a organização neonazi mais importante dos Estados Unidos. Mair era também assinante de uma publicação sul-africana a favor do regime do apartheid, o jornal South African Patriot.
Thomas Mair terá gritado “Britain First” (“A Grã-Bretanha primeiro”) antes de, alegadamente, ter atacado a deputada que saía da biblioteca municipal de Birstall, em West Yorkshire. Britain First é o nome de um partido de extrema-direita britânico que protesta contra a imigração, multiculturalismo e contra a “islamização do Reino Unido”. O líder do partido gravou um vídeo onde se distanciava do caso da morte da deputada que era a favor da permnaência do Reino Unido na União Europeia.
Paul Golding condenou o ataque ao mesmo tempo que reforçava que o partido acredita em protestos e eleições como a forma correta de agir. Golding afirmou ainda que o assassinato tinha sido “um ataque a uma mãe, um ataque ao nosso sistema parlamentar”. O líder do Britain First disse esperar “que a pessoa que realizou este crime hediondo tenha o que merece”.